Roxo de inveja porque seu colega brasileiro, Temer, está conseguindo ser mais impopular e, de quebra, ainda passar leis do seu pacote de maldades sem levar multidões às ruas, o mandante americano parte para o ataque. A entrevista que deu ao New York Times nessa semana foi um gol de placa e promete igualar o índice de aprovação ao do brasileiro. Enquanto Trump conta com 36 a 39% de aprovação, Temer já está em 7%. Desafiando as leis da estatística e matemática, querem ver quem consegue o fato inédito de ultrapassar o zero e atingir valores negativos.
Ou na verdade se o objetivo não é o de reverter protocolos e as leis do bom senso presidencial, ele está fazendo força e dando uma ajuda aos antagonistas para deixar de ser presidente. Temer, ao contrario, luta para se manter no cargo.
Na entrevista, ele se queixa do seu Attorney General, o equivalente ao nosso ministro da justiça, não se comportar como um capanga seu e recusar a depor em seu favor no inquérito sobre suas relações escusas com a Rússia. Se existe um manual a ser seguido por quem ocupa a cadeira de presidente na Casa Branca, nele deve haver uma cláusula irrevogável que aponta a natureza inequívoca e isenta da pasta. O responsável pelo departamento de justiça deve ser independente e leal ao povo americano, não ao presidente. Desde o governo Kennedy, quando Bob serviu ao irmão, ficou estabelecido que não se poderia mais nomear um parente ou alguém do seu círculo pessoal e é uma norma escrita em pedra. Na pressa, Trump interpreta que o Attorney General deve agir como seu advogado pessoal e defender seus interesses, não ao povo que serve.
Claro que a entrevista causou furor e índices de aprovação podem mudar a qualquer momento. Não somente isso, a entrevista em si serve como munição e avoluma a quantidade de evidências para que um impeachment seja aprovado em tempo recorde. Em apenas 6 meses no cargo, nenhum presidente conseguiu tanto e Trump deve estar orgulhoso. Se por um lado não satisfez as massas, pelo menos sua passagem pelo posto será lembrada nos livros de história por séculos.
Quem está rindo à toa atualmente é Bush filho, para quem era tido como garantido o titulo de pior presidente. Ele se animou tanto que até lançou um livro e saiu por aí distribuindo autógrafos. Tudo bem que o livro não tem letrinhas, só fotos mas também isso seria exigir muito dele. Há quem sinta saudades dele. A reviravolta é tanta que ate o finado Nixon chega a parecer um grande estadista e agora ninguém lembra mais de Andrew Jackson. O décimo sétimo presidente americano era tido até recentemente como o mais impopular da historia e foi o primeiro a sofrer processo de impeachment mas hoje estampa as notas de 20 dólares. Bush e Nixon já podem estampar as suas.
Para azedar mais o caldo ainda, foi divulgado que o topetudo se encontrou a portas fechadas com o nefasto Putin durante as reuniões do G20. Os algozes especulam sobre que assunto trataram sem testemunhas e Trump nem se dá ao trabalho de minimizar o ocorrido. Está convencido de que o cargo é uma licença para fazer o que bem entender. Enquanto isso, a imprensa se ocupa só de ficar apontando seus tropeços, ate porque não há nada de bom para ressaltar. A CNN perdeu tempo contando o número de tuitadas que ele deu ate agora: Foram 991 e aponta que não aprovou nenhuma legislação. As esperanças de que ele faça bonito, fale algo que preste, não faça o povo americano passar vergonha no cenário internacional e que lidere em ações progressivas, restaurando p prestígio do posto que ocupa foram enterradas do dia da sua posse.
Enquanto isso, no Brasil, Temer, que também é chegado a mentir descaradamente, habituou-se a viajar e retornar dizendo que outros líderes se derreteram em elogios a ele. Lorotas que são prontamente apuradas e desmentidas pela imprensa. Voltou às pressas da reunião do G20, para evitar que Rodrigo Maia, seu possível sucessor, esquentasse muito a cadeira anunciando que o colega americano veio elogia-lo pelo andamento da economia brasileira. Na falta de qualquer coisa relevante ou que valesse a pena para ilustrar a visita indesejada dele na prestigiosa reunião, essa informação a imprensa nem se preocupou em apurar.