Em entrevista à Bloomberg, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária brasileira, Alceu Moreira, disse que o presidente Bolsonaro foi “ingênuo” ao acreditar que haveria reciprocidade na relação com o governo Trump. Aliado de Bolsonaro, Moreira explicou que é necessária uma revisão da política externa brasileira por dois motivos: a permanência do bloqueio à carne fresca brasileira nos EUA e a decisão do presidente Trump de priorizar a entrada da Argentina na OECD – a organização voltada para a cooperação econômica entre os países mais desenvolvidos – depois de ter declarado publicamente apoio à entrada do Brasil na entidade.
“É aí que precisamos parar com a ingenuidade”, disse Moreira à Bloomberg em Brasília. “Ingenuidade é pensar que só porque eu gosto de você, você vai gostar de mim também. Agora vemos que eu gosto de você, mas você não gosta tanto de mim assim.”
O artigo da Bloomberg afirma que desde o começo do seu governo Bolsonaro deixou de lado a longa tradição de multilateralismo nas relações exteriores, em favor de um alinhamento incondicional com Estados Unidos e Israel. Até agora, diz a reportagem, a decisão trouxe poucos benefícios para o Brasil, incomodando alguns aliados do presidente brasileiro. Alceu Moreira, deputado federal e principal lobista do agronegócio brasileiro, disse na entrevista que está ajudando o governo a elaborar uma nova estratégia, mas não entrou em detalhes.
Em outubro, os EUA avisaram ao Brasil que o bloqueio à carne fresca brasileira seria mantido. O bloqueio foi estabelecido em 2017, quando foram encontrados sangue coagulado e glândulas linfáticas misturados com a carne fresca brasileira importada. O Brasil respondeu que uma vacinação causou os abcessos encontrados. Em novembro, o governo Trump fez retornar as tarifas de importação sobre o aço e o alumíminio brasileiros importados.
Moreira disse à Bloomberg que as medidas duras de Trump são uma resposta à pressão feita pelos fazendeiros americanos, que competem com os brasileiros no mercado global.
“Os americanos estão perdendo mercado diariamente e não têm como aumentar a produção”, disse o parlamentar brasileiro ao noticioso. E acrescentou que o Brasil possui tecnologia e espaço à vontade para aumentar dramaticamente a produção para atender os grandes mercados, como a China.
O problemas do agronegócio brasileiro estão afetando as relações com a Europa também. Países como França e Irlanda estão bloqueando a implementação do acordo comercial entre a Comunidade Europeia e o Mercosul por medo da concorrência, disse o empresário à Bloomberg.
Com informações da bloomberg.com