Os prefeitos das chamadas ‘cidades-santuários’ que sofrerão sanções impostas pelo presidente Trump com a assinatura de uma ordem executiva que corta o repasse de fundos federais para as cidades que não cooperarem com a política federal imigratória, reagiram com indignação às medidas assinadas ontem (25).
Os prefeitos das cidades de New York, Los Angeles, Chicago e de cidades menores, como New Haven, Syracuse e Austin, disseram que estão prontos para a luta.
“Vamos defender nosso povo, não importa de onde as pessoas tenham vindo, não importa sua condição imigratória”, disse o prefeito de New York, Bill de Blasio, durante uma entrevista coletiva.
Em Chicago, o prefeito Rahm Emanuel disse que deixará claro que “vamos continuar sendo uma cidade-santuário. Ninguém aqui é estranho. Seja você da Polônia ou do Paquistão, da Irlanda ou da Índia, do México ou Moldova, de onde meu avô veio, será sempre bem-vindo em Chicago em busca do seu sonho americano”.
A ordem de Trump visa afetar as chamadas cidades-santuários, onde em geral não se aplica a regra federal para entregar imigrantes irregulares que tenham sido presos por outras razões não-imigratórias às autoridades federais para possível deportação. A ordem do presidente diz que as jurisdições que não obedecerem “não receberão recursos federais, exceto quando necessário para fazer cumprir a lei.”
Segundo o Immigrant Legal Resource Center, pelo menos 39 cidades e 364 condados de todos país denominam-se santuários, variando a forma com que cada um lida com autoridades federais imigratórias.
Logo após a assinatura da ordem, um grupo de sanadores estaduais da Califórnia disse que planeja lutar nos tribunais, com a ajuda de Eric Holder, ex-procurador-geral dos EUA. Eles dizem que a ordem de Trump viola a 10th Emenda ao obrigar os governos locais a executarem estatutos federais.
O prefeito de San Jose, Sam Liccardo, disse que em questão de segurança pública, “nosso chefe de polícia é a melhor pessoa para decidir como devemos usar nossos escassos recursos. Não é somente uma decisão ideológica. Nosso departamento de polícia não se mete em assuntos de tributos federais, leis federais ambientais ou leis federais imigratórias.”
Em San Francisco, o prefeito Ed Lee emitiu uma nota em conjunto com Liccardo e o prefeito de Oakland, Libby Schaff.
“Não vamos ceder às ameaças”, disse Lee. “Juntas, as cidades da Bay Area vão continuar fiéis aos nossos valores de inclusão, compaixão e igualdade, e unidas contra todos os esforços para dividir nossos residentes, nossas cidades e nosso país.”
O prefeito de Boston foi mais longe. J. Walsh garantiu que “todo mundo que hoje se sente ameaçado ou vulnerável estará seguro em Boston. Faremos tudo ao nosso poder para protegê-los. Se necessário, usaremos o prédio da Prefeitura para abrigar quem for injustamente perseguido.”
Walsh disse que permitirá que pessoas residam na Prefeitura, da mesma forma que as chamadas ‘igrejas-santuário’ têm acolhido imigrantes irregulares ameaçados de deportação.
“Eles podem usar o meu escritório, podem usar qualquer sala deste prédio”, disse Walsh. “Este prédio será um lugar seguro para eles.”