Os consumidores dos Estados Unidos terão de pagar mais por seu copo matinal de suco de laranja após tempestades, doenças e a rápida urbanização terem reduzido drasticamente a produção de cítricos na Flórida e elevado os preços do suco para uma máxima de 16 anos, disseram representantes da indústria e analistas nesta sexta-feira.
O preço do suco congelado e concentrado de laranja, o ingrediente básico para a bebida, subiu para seu maior nível desde 1990 na bolsa de Nova York na quinta-feira, com o contrato novembro atingindo 1,923 dólares.
E analistas dizem que um preço de 2 dólares está próximo.
O catalisador para a alta foi um relatório do USDA dizendo que a safra do cítrico na Flórida, maior fonte de suco de laranja no país, iria somar 135 milhões de caixas, o menor volume em 17 anos.
Um comunicado da Tropicana, maior varejista de suco de laranja nos EUA, disse que a pequena safra “confirma nossas preocupações de que a pressão significativa sobre a oferta e os custos continuarão a seguir em frente, dando pouco alívio para os preços ao consumidor.”
A empresa, uma unidade da PepsiCo, normalmente compra 40 por cento de todas as laranjas produzidas na Flórida. A Tropicana disse que havia “aumentado seus preços aos varejistas em aproximadamente 15 por cento nos últimos dois anos.”
A safra da Flórida foi fortemente atingida por quatro furacões em 2004 e 2005. Ventos das tempestades espalharam o cancro cítrico, doença que provoca a queda prematura da fruta e força os produtores a interditarem os campos. Representantes da indústria disseram que isto aumentou a tentação entre produtores de vender suas fazendas de cítricos para incorporadoras imobiliárias na Flórida, Estado que atrai cada vez mais aposentados norte-americanos.
A questão agora entre os fabricantes de suco é até quanto eles podem repassar os aumentos de custo sem que os consumidores comecem a buscar outras alternativas, como diferentes tipos de suco ou outras bebidas que forneçam energia.
Os preços do suco no varejo dos EUA já estão 9 por cento acima do nível de há um ano.
“Que escolha eles (produtores de suco) têm”, afirmou Judy Ganes, da empresa de consultoria J. Ganes Consulting.
Analistas dizem que os EUA terão que importar mais suco, e a fonte mais provável é o Brasil, maior produtor e exportador mundial.
Cerca de 80 por cento do suco exportado pelo Brasil vai para a Europa, onde a tarifa de importação, em 15,5 por cento, é bem menor que as aplicadas pelo governo dos EUA, de até 60,29 porcento.