Mais um caso envolvendo um policial branco e uma vítima negra promete esquentar o debate sobre preconceito racial e os agentes da lei nos Estados Unidos. Uma mulher negra foi morta a tiros pela polícia na janela do seu quarto, na madrugada de sábado, após um vizinho ligar para o 911, pois a porta da frente da casa dela estava aberta. Atatiana Jefferson, 28 anos, estava em sua casa, em Fort Worth, no Texas, com o sobrinho de oito anos.
A corporação divulgou imagens que mostram um policial atirando alguns segundos depois de vê-la dentro da casa. O registro foi feito por uma câmera acoplada ao uniforme e mostra o agente fazendo buscas ao redor da casa, sem notar uma pessoa na janela. Assim que percebeu, mandou que levantasse as mãos e fez um disparo através do vidro.
Em comunicado, o Departamento de Polícia de Fort Worth informou que o policial, que é branco, “percebeu uma ameaça” quando sacou a arma. Ele foi suspenso de suas atividades enquanto aguardava o término da investigação, mas acabou pedindo demissão. O caso gerou acusações de racismo.
No vídeo, ele não se identifica como agente de polícia e não há imagens de dentro da casa. No entanto, o registro mostra uma arma que teria sido encontrada no quarto.
Não está claro se Atatiana segurava uma arma no momento em que foi alvejada, embora a posse de armas de fogo seja legal para pessoas com mais de 18 anos no Texas. Os agentes chegaram a prestar atendimento médico de emergência, mas ela morreu no local.
Ativistas e entidades de defesa dos direitos civis já se manifestaram sobre este novo caso do que eles chamam de racismo institucional e prometem ir para as ruas como forma de protesto. Uma pesquisa recente do Instituto de Pesquisas Sociais da Universidade de Michigan mostrou que uma pessoa negra nos EUA tem uma probabilidade quase três vezes maior de ser morta pela polícia do que uma pessoa branca.
O policial, Aaron Dean, foi preso e está sob custódia na cadeia do condado de Tarrant, segundo a polícia. A fiança foi estipulada em $200 mil, de acordo com os registros da prisão. O caso é singular, já que raramente policiais são indiciados por queixas-crime, e mais raramente ainda acusados de assassinato.
A polícia informou ainda que que Dean estava na corporação desde abril de 2018 e que se não estivesse pedido demissão logo após o incidente teria sido demitido por violações do código de uso da força do departamento de Polícia de Fort Worth e conduta anti-profissional, disse o chefe de polícia da cidade, Ed Kraus, ao jornal The Washington Post. “Nenhuma dessas informações vai aplacar a dor da família de Atatiana, mas espero que que isso mostre à comunidade que estamos levando a sério esse tipo de incidente”, disse Kraus. Ele pediu desculpas à família e acrescentou que “ainda não consegue entender dela ter ela perdido a vida”.