Agentes da Polícia Federal apreenderam na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro e ex-Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, uma minuta de decreto para instaurar estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A informação foi divulgada inicialmente pelo jornal Folha de S.Paulo. O documento foi elaborado após a vitória de Lula na eleição de outubro e, na prática, buscava reverter o resultado para declarar Bolsonaro vencedor. O texto argumentava que o TSE praticou abuso de poder, suspeição e medidas ilegais adotadas antes, durante e depois do processo eleitoral.
A PF foi à residência de Torres para cumprir mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes. Ele é acusado de sabotar o plano de segurança do Distrito Federal para facilitar o acesso dos bolsonaristas às sedes dos Três Poderes. O ex-ministro, entretanto, está em viagem a Orlando, na Flórida, mesma cidade em que se encontra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Logo após a divulgação do documento, ele publicou nota nas redes sociais explicando que a minuta foi “tirada de contexto”e “tudo seria levado para ser triturado”. Em entrevista à imprensa, seu advogado Demóstenes Torres, falou que o acusado está apenas aguardando achar passagem nos EUA para retornar ao Brasil e preparar sua defesa. “Lá nos Estados Unidos, houve um apagão [no setor aeroportuário]. Mas é só normalizar [a situação], que ele vai comprar a passagem e voltar o mais rápido possível”, disse
Veja abaixo a íntegra da nota
“No cargo de Ministro da Justiça, nos deparamos com audiências, sugestões e propostas dos mais diversos tipos. Cabe a quem ocupa tal posição, o discernimento de entender o que efetivamente contribui para o Brasil.
Havia em minha casa uma pilha de documentos para descarte, onde muito provavelmente o material descrito na reportagem foi encontrado.
Tudo seria levado para ser triturado oportunamente no MJSP. O citado documento foi apanhado quando eu não estava lá e vazado fora de contexto, ajudando a alimentar narrativas falaciosas contra mim.
Fomos o primeiro ministério a entregar os relatórios de gestão para a transição. Respeito a democracia brasileira. Tenho minha consciência tranquila quanto à minha atuação como ministro.”