Objetivo é fazer com que candidatos a cargo público se comprometam a ajudar as causas defendidas pelos brasileiros
Para inserir-se na sociedade americana, precisamos ter vez e voz. Por isto, nada melhor do que os brasileiros tomarem consciência de que a comunidade braso-americana já se constitui uma realidade em vários locais, sobretudo no sul da Flórida e reivindicar seus direitos.
No dia 14 de agosto, terça-feira, haverá a realização das prévias dentro do Partido Democrata para indicar quais serão os candidatos oficiais do partido para disputarem o pleito em novembro contra os candidatos nomeados pelo Partido Republicano. É muito importante que todos os brasileiros que tenham cidadania participem das eleições gerais.
Pensando nisto, reproduzimos o texto de Jonathan Rodrigues, do Conselho de Organizações Brasileiras, que defende este novo posicionamento da comunidade brasileira.
Texto de Jonathan Rodrigues
A presença significativa de imigrantes no estado da Flórida traduz-se em benefícios sociais, culturais e econômicos para esse estado. O condado de Broward, por examplo, é conhecido pela impressionante diversidade do seu povo, que, de acordo com o Censo 2010, conta com mais de 1,7 milhão de residentes, sendo que 29% são imigrantes. A comunidade imigrante é 30% mais provável começar uma empresa do que um cidadão nato e 22% das empresas em Broward são criadas e/ou administradas por latinos. Brasileiros estão em décimo-nono lugar entre microempresários imigrantes, ultrapassando muitas comunidades com maior índice imigratório.
Porém, com tudo que contribuímos para o desenvolvimento da Flórida, as nossas comunidades muitas vezes são ignoradas e prejudicadas por políticas que não nos servem. Como residentes e contribuintes indispensáveis à Flórida, a nossa comunidade imigrante merece mais. A nossa comunidade carece de representação política e atenção particular a nossas prioridades:
1. A Flórida não é Arizona.
a. Não aceitamos nenhuma cópia da lei SB1070 que promova discriminação racial. Inúmeras associações de xerifes já condenaram leis similares, argumentando que não há maneira de implementar as mesmas sem causar discriminação racial.
b. A polícia local não é a “Imigração” (ICE). Rejeitamos qualquer acordo entre as duas agências, ainda que estabelecido sob a missão policial de “servir e proteger” as nossas comunidades. Ao contrário, esses acordos diminuem a confiança em nossas autoridades e fazem-nos mais vulneráveis à exploração e crimes que não são reportados devido ao medo.
c. Leis anti-imigrantes são também leis que atingem a nossa economia
2. “In-state tuition” para nossos estudantes indocumentados
3. Contra construção de centros de detenções para imigrantes
4. Saúde para todos.
Nós demandamos que todo imigrante, com ou sem documentos imigratórios, seja atendido em clínicas e/ou hospitais quando este necessite assistência médica ou tratamento. Não aceitamos rejeição ou intimidações vindas de nenhuma entidade médica por razões imigratórias ou falta de seguro de saúde.
Candidatos solidários aos brasileiros
Alguns candidatos já estão vendo os brasileiros como mananciais de votos, como é o caso de Chris Mancini e de Kathleen McHugh, que enviaram seus comentários ao AcheiUSA sobre a importância de nossa comunidade na região.
O candidato a State Attorney (procurador geral do Estado) Chris Mancini, disse ser favorável ao projeto, que tramita no Congresso Nacional, que prevê a isenção de vistos para os brasileiros. Outro assunto que também está em sua plataforma de governo é discriminação contra brasileiros. Segundo Mancini, denúncias de discriminação contra brasileiros estariam sendo ignoradas pela procuradoria geral do Estado. A queixa teria sido feita pelo embaixador brasileiro, Helio Vitor Ramos, no último encontro entre os dois.
Outra dificuldade dos brasileiros residentes na Flórida, e que Mancini promete estudar uma solução para o caso, é a falta de uma fiança justa em casos dos brasileiros presos. “Nada está sendo feito para conter esses abusos até agora”, declarou o candidato.
Na sua proposta de candidatura, Chris Mancini planeja dividir o condado de Broward em zonas, cada uma teria assistentes do promotor público que falassem as línguas das minorias. Este assistente trabalharia como intermediário entre o sistema judiciário e as comunidades locais. No caso da comunidade brasileira, a escolha seria de um braso-americano que falasse as duas línguas e pudesse interagir com a comunidade brasileira e o consulado sobre as dificuldades da sua comunidade. O trabalho desse assistente seria basicamente manter contato com grupos locais da comunidade brasileira à procura das necessidades, antes que o problema fique fora de controle.
Kathleen Mc Hugh, candidata a juiz no condado de Broward, diz saber do crescimento da população de língua portuguesa na região e da necessidade de manter o idioma entre a nova geração.”A comunidade de língua portuguesa cresceu 36% de acordo com o último censo”, lembra. Ela também ressaltou o espírito empreendedor do trabalhador brasileiro.