A tentativa de Donald Trump de excluir os imigrantes indocumentados da contagem do Censo 2020 dos EUA, encontrou resistência na Suprema Corte.
Durante uma audiência nesta segunda-feira (30) para avaliar a proposta do presidente, vários magistrados se mostraram relutantes em aceitar a medida, frustrando as expectativas dos Republicanos que esperavam uma vitória rápida, já que a maioria dos juízes pertence à base conservadora de Trump.
Os números do Censo são usados para definir o número de assentos no Congresso e a distribuição dos distritos nas próximas eleições americanas.
Além disso, o levantamento serve como base de cálculo na divisão de $ 1,5 trilhão do governo federal entre os estados para investimentos em políticas públicas.
Um dos principais obstáculos que a proposta de Trump enfrenta na Suprema Corte é a incerteza sobre o método que o governo usará para calcular o número de imigrantes sem documentos.
“Não sabemos quantos imigrantes serão excluídos, não sabemos qual o efeito que isso terá na distribuição”, disse o presidente da Suprema Corte, o conservador John Roberts.
Advogados de vários governos estaduais que se opõem ao plano alertaram os juízes que a medida transferirá dinheiro e poder político de estados com grandes populações de imigrantes.
De acordo com uma análise do Pew Research Center, se aprovada, a proposta do atual mandatário fará com que Califórnia, Flórida e Texas percam um assento na Câmara cada um. Alabama, Minnesota e Ohio manteriam um assento cada que, de outra forma, perderiam devido a mudanças populacionais. Outras previsões mostram o Arizona perdendo um assento também, e Montana adicionaria um.
“Se uma pessoa está no país há, digamos, 20 anos, mesmo que ilegalmente, por que essa pessoa não teria uma residência fixa?” perguntou Amy Coney Barrett, a mais nova integrante da Suprema Corte indicada por Trump.
Entretanto, ainda não está claro sobre qual será a decisão dos juízes. Segundo uma reportagem do jornal The New York Times, alguns sugeriram esperar até que o Censo transmita os números à Casa Branca, inicialmente programado para o dia 31 de dezembro.
A ordem-executiva de Trump pedindo a retirada dos indocumentados do Censo foi apresentada em julho e encontrou resistência nos tribunais de diversos estados, liderados por New York, além de outras administrações locais e grupos de defesa dos direitos humanos.