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Plano de Jeb Bush para imigração decepciona latinos

Ex-governador da Flórida apresenta proposta de seis pontos, mas não aponta caminho para a legalização

DA REDAÇÃO (com Agências) – Diversos grupos de ativistas pela causa imigrante manifestaram sua decepção com os planos do pré-candidato republicano à Casa Branca, Jeb Bush, anunciados na semana passada.

Ainda que Bush tenha citado no preâmbulo da proposta a possibilidade de um caminho para que os imigrantes indocumentados legalizem-se, todos os seis pontos enumerados no documento dizem respeito à segurança nas fronteiras e no reforço da vigilância interna no cumprimento das leis imigratórias.

A proposta segue a cartilha conservadora relativa à questão, clamando por aumento no número de bases operativas para a Patrulha de Fronteira (Border Patrol), expansão no uso de tecnologias de vigilância e aumento no número de deportações para estrangeiros que ultrapassem o tempo de permanência permitido quando da sua entrada.

O plano prevê ainda uma intervenção nas chamadas cidades-santuários, como New York e San Francisco, que adotam uma política mais leniente com relação a imigrantes indocumentados. O plano restringe o repasse de verbas federais para a segurança nessas cidades enquanto não forem adotadas medidas imigratórias mais rigorosas.

O irmão do ex-presidente George W. Bush tem laços com a comunidade latina no estado da Flórida, onde já foi governador, e é casado com Columba Bush, nascida no México. Jeb fala espanhol fluentemente.

Matt Barreto, co-fundador do instituto de pesquisa Latino Decisions, disse ao portal The Huffington Post que o plano de Bush terá pouco apelo entre os eleitores latinos, que apoiam com maioria esmagadora uma reforma imigratória que proporcione um caminho para a cidadania.

“O plano de Jeb Bush parece centrado apenas na segurança das fronteiras, com pouca atenção dada ao problema dos imigrantes indocumentados que vivem nos Estados Unidos”, disse ele por e-mail ao Huffington Post. “Isto vai gerar uma tensão com eleitores latinos. Nossas pesquisas indicam que apenas 13% dos eleitores latinos concordam com Bush, de que a legalidade para o indocumentado deve ser dependente da segurança nas fronteiras. Muito pelo contrário, 81% dos pesquisados dizem que a legalidade para os indocumentados deve ser feita concomitantemente a qualquer medida de segurança nas fronteiras.”

Há também quem veja o plano de Bush como estratégico. Alfonso Aguilar, diretor executivo do Latino Partnership at the American Principles e chefe do U.S. Office of Citizenship durante o governo de George W. Bush, disse ao Huffington que a única maneira de passar a reforma imigratória é atender à exigência dos conservadores quanto ao reforço das fronteiras.

“Muitos não aceitam o fato de que para que haja uma reforma imigratória será preciso negociar com os republicanos conservadores do Congresso,” disse. “Bush sabe que está ainda nas primárias republicanas. Articula, assim, um plano que no atual momento político satisfaz à base conservadora… É assim que se alcança o consenso.”

Para muitos imigrantes indocumentados, a proposta de Bush toca numa questão pessoal. Juan Escalante, imigrante de 26 anos e ativista pela causa em Tallahassee, Flórida, diz que quando analisa a postura dos candidatos com relação ao assunto pensa no que a sua mãe diria a respeito.

“Se ela visse a proposta de Bush, perguntaria ‘Quando vou poder entrar na fila e pedir por ajuda?’” disse ele ao Huffington. “De acordo com Bush, ela ficaria sem resposta. No final das contas o plano é só mais um para reforçar a vigilância imigratória.”

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