A Polícia Federal brasileira realizou uma operação para desarticular, na manhã desta quarta-feira (22), um plano da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) para matar e sequestrar servidores públicos e autoridades, segundo informou o ministro da Justiça, Flávio Dino. O ex-juiz e senador Sergio Moro (União Brasil) era um dos alvos do grupo, segundo afirmou sua assessoria de imprensa. Segundo o senador, os planos seriam uma “retaliação” dos criminosos. Em 2019, quando ainda era ministro, Moro foi o responsável por coordenar a transferência de Marcola, líder do PCC, e mais 21 suspeitos de integrar o grupo para presídios federais. O objetivo era isolar os líderes da facção como forma de enfraquecê-los. De acordo com a PF, são cumpridos 24 mandados de busca e apreensão e 11 de prisão em São Paulo, Paraná, Rondônia e Mato Grosso do Sul. Pelo menos nove pessoas já foram presas.
De acordo com a investigação, os ataques vinham sendo planejados desde 2022. Os suspeitos alugaram chácaras, casas e até um escritório ao lado de endereços de Sergio Moro. A família do senador também teria sido monitorada por meses pela facção criminosa.
A notícia sobre o plano do PCC contra Moro vem à público um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarar “muita mágoa” contra o ex-juiz, responsável pela prisão do petista durante a Operação Lava Jato, em 2018. “De vez em quando, um procurador entrava lá de sábado, ou de semana, para visitar. Entravam 3 ou 4 procuradores e perguntavam: ‘está tudo bem?’. Eu falava: ‘não está tudo bem. Só vai estar bem quando eu foder esse Moro’”, disse o presidente em entrevista ao site Brasil247, na terça-feira (21). “Estou aqui para me vingar dessa gente”, afirmou.
Em resposta, Moro disse que Lula demonstra “desequilíbrio” com a declaração. Para o senador, a fala é uma “tentativa de diversionismo em relação às falhas do governo”. “Repudio essa fala do presidente Lula, que é uma fala de baixo calão, utilizando termos grosseiros de uma forma que nunca me reportei a ele. A gente vê aí algum desequilíbrio, porque o presidente já chamou agricultores de fascistas e disse que não confiava nos militares”, afirmou Moro em entrevista à CNN Brasil.