A pouco mais de um mês da data de sua execução, os advogados da americana de origem mexicana Melissa Lucio, 53, a primeira hispânica a ser condenada à morte no estado do Texas, correm contra o tempo. Nesta terça-feira (22), eles apresentaram um pedido de indulto ao governador Greg Abbott para poupar a vida da mulher. Ela foi sentenciada em 2008, após confessar ter matado a própria filha de dois anos de idade. O pedido de clemência possui 76 páginas e inclui declarações de especialistas como cientistas e médicos legistas que analisaram o caso. Eles também anexaram dezenas de cartas de organizações civis e religiosas pedindo perdão para a mexicana. O documento alega que Lucio, que foi vítima de abuso sexual e físico ao longo de sua vida e teve 14 filhos, admitiu a culpa em meio à pressão policial e provas falsas. “O caso de Melissa suscita muitas dúvidas para permitirmos que a executem”, falou o advogado Jesse Rincones ao canal Univision. Ele argumenta que apenas duas horas após a filha ser declarada morta, a acusada foi submetida a um interrogatório que durou cinco horas, em que ela foi induzida a assumir a responsabilidade pelo crime. David Thompson, entrevistador forense e especialista em protocolos de interrogatório, disse que há táticas de interrogatório que levam à confissões falsas . Segundo ele, cerca de 25% dos casos de condenação injusta envolvem confissões forçadas.
No pedido de indulto encaminhado ao governador, os advogados declararam que os médicos que examinaram o corpo o fizeram com a informação de que a mãe havia matado a criança. “Com isso, eles presumiram que tudo o que observaram era evidência de abuso, ignorando provas que mostrassem o contrário,” diz o documento.
O crime que cometeu
Melissa Lucio foi presa por espancar sua filha Mariah, de 2 anos, até a morte, em fevereiro de 2007. A versão inicial relatada pela mãe é que a menina, que tinha dificuldade para andar devido a uma deficiência de nascença nas pernas, caiu de uma escada longa e íngreme. Dois dias após o suposto acidente, Mariah morreu dormindo em sua casa. A própria acusada foi quem chamou o serviço de emergência. Ao chegaram à residência, os paramédicos duvidaram imediatamente das explicações de Lucio sobre os ferimentos da filha e a denunciaram à polícia. A execução por injeção letal está marcada para o próximo dia 27 de abril.