Agentes responderão com balas quando forem atacados com pedras ou qualquer outra ameaça
DA REDAÇÃO COM UNIVISION – Os agentes da Patrulha da Fronteira podem continuar usando a força mortal contra civis que lhes atirem pedras, disse o chefe do órgão, apesar da recomendação de uma análise pedida pelo governo para por fim a esta prática.
O grupo sem fins lucrativos Police Executive Research Forum, que assessora entidades policiais, recomendou que a Patrulha da Fronteira e sua organização matriz, a Polícia de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP), detenha o uso de força mortal contra civis que atiram pedras e cvontra assaltantes em veículos, disse o chefe da Patrulha, Mike Fisher.
As duas recomendações integram uma ampla análise interna sobre as normas e práticas do uso da força na CBP que começou no ano passado. As medidas não foram incluídas em uma revisão de política anunciada em 25 de setembro e que contempla mais treinamento e melhores registros.
A CBP considerou as normas propostas “muito restritivas”, declarou Fisher à The Associated Press.
Segundo as normas em vigor, os agentes podem usar a força mortal se imaginam de maneira razonável que sua vida ou a de otros estão em perigo.
“Não devemos ter exceções sobre isto ou aquilo”, disse Fisher. “Dizer que não devemos disparar aos que nos atiram pedras ou aos veículos, em nosso ambiente, é muito problemático e tem potencial de colocar os agentes da Patrulha da Fronteira em perigo”.
Sob reserva
A CBP não revelou todas as conclusões do Police Executive Research Forum. Os comentários de Fisher são os mais detalhados até o momento.
A revisão interna começou no ano passado depois que 16 legisladores expressaram preocupação sobre a morte, em maio de 2010, de Anastasio Hernández, um mexicano desarmado que morreu em consequência das lesões causadas por uma arma de imobilização no porto de entrada de San Ysidro, em San Diego. As autoridades disseram que ele se tornou agressivo quando trataram de devolvê-lo ao México.
O Departamento de Justiça está investigando esta morte.
Hernández foi uma das 20 pessoas a quem a CBP matou desde 2010, entre eles oito que morreram quando atiravam pedras nos agentes da Patrulha da Fronteira, segundo a União de Liberdades Civis dos Estados Unidos (ACLU).
Fisher repetiu a postura tradicional da entidade de que as pedras são armas letais. Os narcotraficantes têm um histórico de atirar pedras, garrafas e outros objetos – frequentemente do território mexicano – com a esperança de criar um espaço em outra parte da fronteira quando os agentes se apressam a auxiliar seus colegas apedrejados.
As estatísticas
No ano fiscal 2011 os agentes foram atacados com pedras 339 vezes, mais do que qualquer outro tipo de agressão, segundo o inspetor geral do Departamento de Segurança Interna. Por sua parte, os agentes responderam com disparos 33 vezes e com força não letal – categoria que inclui gás de pimenta e os garrotes – um total de 118 vezes.
Os ataques com pedras baixaram para 185 no ano fiscal 2012, o segundo tipo de agressão mais comum. Os agentes dispararam 22 vezes e responderam 42 vezes com força não letal.
A proposta de proibição de disparar contra veículos havia imposto à Patrulha da Fronteira a mesma restrição dada a alguns departamentos metropolitanos de polícia, disse Fisher, mas assinalou que este órgão federal opera em um terreno muito diferente.
“Não se deve disparar indiscriminadamente contra um veículo e atingir os pneus, como se vê na televisão, mas nosso ambiente é totalmente diferente”, disse Fisher. “Em muitos casos, ao contrário da selva de concreto, há um caminho de terra muito estreito onde os agentes da Patrulha da Fronteira nem sempre têm a possibilidade de sair de uma situação de perigo”.
Decepcionados com a resposta
Os ativistas se mostraram decepcionados de que a CBP tenha rechaçado as recomendações.
“Há muito tempo temos explicado que a força mortal só deve ser usada em circunstâncias excepcionais”, disse Andrea Guerrero, diretora executiva da Alliance San Diego, que participou de uma reunião com funcionários do governo federal na Casa Branca em setembro para tratar do tema.
“A Patrulha da Fronteira não tem demonstrado que este é o nível apropriado de força letal nos casos em que se tem usado”, afirmou Guerrero.
Por sua parte, Shawn Moran, porta-voz do Conselho Nacional da Patrulha da Fronteira, sindicato que representa os agentes, recebeu bem a postura da entidade.
“Quase todos os agentes da Patrulha da Fronteira foram agredidos com pedras em um momento ou outro”, revelou Moran. “Conheço agentes a quem lhes jogaram o carro em cima para atropelá-los”.
Fisher rechaçou qualquer sugestão de que os agentes da Patrulha da Fronteira disparam à primeira provocação.
“Quando se observa este ambiente, o ambiente em que eles trabalham, creio que nossos agentes mostram um grande controle na hora de usar a força mortal”, concluiu.