A propagada polarização entre esquerda e direita parece estar perdendo força junto aos eleitores brasileiros, desarmando as estratégias adotadas por simpatizantes de Lula e Jair Bolsonaro. Os grandes vencedores foram os articuladores das candidaturas de centro e de centro-direita costuradas pelos deputados Baleia Rossi, presidente do MDB, Valdemar da Costa Neto, líder do PL, e sobretudo Gilberto Kassab, comandante do PSD. Embora Bolsonaro seja filiado ao PL, é Valdemar da Costa Neto quem controla o partido.
O PSD, liderado por Gilberto Kassab, aliás, se destaca como o partido que mais prefeituras conquistou no Brasil a partir de 2025, totalizando 887 municípios. Logo atrás, o MDB e o PP ocupam a segunda e terceira posição, com 856 e 745 prefeituras, respectivamente. O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, aparece em quinto lugar, enquanto o PT, do atual presidente Lula, ocupa a nona posição, com 252 prefeituras. Nas capitais, o MDB se saiu bem, garantindo a vitória em seis cidades, entre elas São Paulo e Porto Alegre. O PSD também teve um desempenho significativo, conquistando cinco capitais, como Curitiba e Belo Horizonte.
Para que os leitores entendam, o PSD de Kassab transita bem junto à esquerda e à direita. É preciso lembrar que representantes desses partidos de centro integram o governo de Lula, como também integravam o governo de Jair Bolsonaro. Ou seja, ninguém consegue governar o Brasil sem beijar a mão do chamado centrão, porque são eles que controlam o Legislativo. Sem a benção deles, nenhum projeto de lei vai para a frente e o Executivo fica de mãos atadas.
Nas capitais, o PT teve uma atuação fraca, conquistando apenas a prefeitura de Fortaleza. Apesar de ser uma capital nordestina importante, a vitória foi bastante apertada, denotando que o eleitorado da cidade está dividido e o prefeito eleito terá de saber como negociar com os vereadores que vão formar a Câmara de Vereadores de Fortaleza.
Quem também mostrou força foi o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que bancou a reeleição de Ricardo Nunes, do MDB, durante a difícil campanha paulistana, onde Nunes esteve prestes a ficar de fora do segundo turno. O resultado do primeiro turno mostrou uma pequena diferença entre Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB).
Vale destacar o mau desempenho de Boulos que, pela segunda vez consecutiva, disputa a Prefeitura de São Paulo e novamente foi derrotado. Seu alto índice de rejeição tem impedido que ele ultrapasse seu teto eleitoral, sendo que desta vez teve muito dinheiro na campanha, o apoio do PT e o apoio do presidente Lula. Se quiser se candidatar a cargos eletivos do Poder Executivo, Boulos precisará rever sua estratégia de campanha e tentar se livrar da pecha de político radical de extrema esquerda.
A lista abaixo mostra os prefeitos eleitos nas capitais brasileiras no segundo turno:
Região Norte
Belém (PA): Igor Normando (MDB)
Manaus (AM): David Almeida (Avante)
Porto Velho (RO): Léo (Podemos)
Região Centro-Oeste
Campo Grande (MS): Adriane Lopes (PP)
Cuiabá (MT): Abilio Brunini(PL)
Goiânia (GO): Mabel (União)
Palmas (TO): Eduardo Siqueira Campos (Podemos)
Região Nordeste
Aracaju (SE): Emília Correia (PL)
Fortaleza (CE): Evandro Leitão (PT)
João Pessoa (PB): Cícero Lucena (PP)
Natal (RN): Paulinho Freire (União)
Região Sudeste
Belo Horizonte (MG): Fuad Noman (PSD)
São Paulo (SP): Ricardo Nunes (MDB)
Região Sul
Curitiba (PR): Eduardo Pimentel (PSD)
Porto Alegre (RS): Sebastião Melo (MDB)
Outras 36 cidades brasileiras foram para o segundo turno das eleições, sendo 18 apenas no estado de São Paulo. Segundo a presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministra Cármen Lúcia, a votação ocorreu de forma democrática e “sem nenhum tipo de dificuldade”.