Antonio Tozzi Esportes

Palmeiras: campeão indiscutível

A torcida palmeirense tem toda razão de estar empolgada. A equipe quebrou um tabu de 22 anos sem vencer o Campeonato Brasileiro (o último havia sido em 1994 com aquele time fantástico montado pela Parmalat) e estabeleceu números incontestáveis. O Verdão encerrou o Brasileirão 2016 com 80 pontos ganhos – mesmo número obtido pelos campeões Cruzeiro em 2013 e apenas um ponto atrás do Corinthians em 2015 -, teve o ataque mais positivo com 62 gols marcados, menos gols sofridos, ao lado do Atlético-PR, com 32 gols contra e consequentemente o melhor saldo de gols. Foi também a equipe mais vencedora com 24 vitórias e a que menos perdeu, apenas seis derrotas, registrando um percentual de 70,2% de aproveitamento.

 Mais do que números

Os números realmente impressionam, porém, o que fez a diferença foi a sintonia encontrada entre os jogadores, a comissão técnica e diretoria. Cuca aceitou o desafio de pegar uma equipe combalida que estava à beira da desclassificação na fase de grupos da Copa Libertadores e vinha oscilando no Brasileirão, sob o comando de Marcelo Oliveira, que havia conquistado no ano passado seu primeiro título da Copa do Brasil dirigindo o Alviverde paulista nas finais contra o Santos. Ele não conseguiu evitar a saída do clube da competição internacional e sofreu derrotas inesperadas no certame nacional, entretanto, pouco a pouco foi implantando sua filosofia de jogo e pediu alguns reforços que foram viabilizados pelos dirigentes. Depois de uma disputa acirrada com outras equipes, o Palmeiras assegurou a primeira colocação no final do primeiro turno. Mantendo o bom nível de seu futebol, a equipe melhorou ainda mais o desempenho e ratificou o título como o time de melhor campanha no segundo turno. As únicas alterações fora mem relação às equipes que rivalizaram com o Verdão. Em dado momento, o principal adversário era o Atlético-MG, depois passou a ser Flamengo e, no final, foi o Santos. Todavia, a superioridade palmeirense foi tão grande que terminou o certame nove pontos à frente dos segundo e terceiro colocados, respectivamente Santos e Flamengo.

 A queda do Internacional

Contrastando com a boa campanha do Palmeiras, o Internacional seguiu direitinho a cartilha do rebaixamento. O Colorado começou a competição com Argel Fucks como treinador e chegou até mesmo a liderar o Brasileirão no início. Contudo, uma sequência de derrotas fez com que os dirigentes trocassem Argel por Paulo Roberto Falcão. Pois nem o status de ídolo do clube foi suficiente para garantir o cargo. Falcão foi demitido após ter dirigido o time por um período de um mês. Seu substituto foi Celso Roth, que era o treinador do Vasco da Gama em um de seus rebaixamentos. Outra vez, a decisão da diretoria não foi feliz. O clube de Porto Alegre continuou cumprindo uma má campanha e ficou seriamente ameaçado de ser rebaixado para a Série B. Em desespero, a diretoria chamou o técnico Lisca para tentar o impossível: livrar o Inter do rebaixamento. Como ele não é mágico, prevaleceu a lógica e o Colorado terminou a competição em 17º lugar, juntando-se aos outros três rebaixados: Figueirense, Santa Cruz e América-MG.

 A vergonha do Internacional

Se já não bastasse o sofrimento dos torcedores do Inter, seus dirigentes protagonizaram um espetáculo sofrível ao tentar virar o jogo no tapetão. O clube gaúcho entrou no STJD (Supremo Tribunal de Justiça Desportiva) pedindo a perda de pontos do Vitória, de Salvador, sob alegação de que o clube baiano utilizou um jogador de maneira irregular. Segundo os advogados, o zagueiro Victor Ramos, atleta vinculado ao Monterrey do México, teria se transferido diretamente do Palmeiras – onde atuou por empréstimo até o ano passado – para o Vitória sem ter retornado ao clube mexicano, caracterizando, portanto, uma irregularida, uma vez que a Fifa exige a reapresentação do atleta ao clube ao qual pertence para efetuar um novo empréstimo. Apesar deste lapso, a entidade máxima do futebol mundial ratificou a transação como legal. Tanto que no Campeonato Baiano deste ano o Flamengo de Guanambi já havia tentado esta manobra e a Federação Baiana de Futebol e a CBF confirmaram a inscrição de Victor Ramos. Pior ainda foram as declarações do então presidente Vittorio Piffero e do diretor de Futebol Fernando Carvalho defendendo esta manobra para manter o clube na Primeira Divisão. Elas foram tão desastrosas que até mesmo os torcedores e mmbtos do Conselho Deliberativo as repudiaram. Resultado: além de terem sido responsáveis pela queda do Inter foram varridos nas eleições do clube. O candidato da oposição Marcelo Medeiros venceu as eleições com 95% dos votos válidos.

 O renascer do Internacional

Finalmente, os dirigentes do Colorado aceitaram a realidade e concordaram que o Gigante do Beira Rio irá mesmo disputar a Série B pela primeira vez em sua história. Esta é, com certeza, a decisão mais correta. Assim como outros grandes clubes brasileiros, o Inter tem tudo para vencer a Série B – afinal, o slogan do clube é “Campeão de Tudo” e pode acrescentar mais um – e voltar firme e forte à Série A, lugar em que merece estar. O primeiro passo pela recuperação já foi dado. Antonio Carlos Zago, ex-treinador do Juventude, foi contratado pelo clube. O ex-zagueiro que atuou nos quatro grandes de São Paulo preparou-se para tornar-se técnico, fez cursos na Europa (onde jogou pela Roma da Itália e Besiktas da Turquia) e é um dos mais promissores treinadores da nova safra. O resultado final apenas saberemos em 2017.

 O regozijo do Grêmio

Ao contrário do Inter, o Grêmio, principal rival do Colorado no Rio Grande do Sul, está vviendo um momento mágico. Sob o comando de Renato Gaúcho, o Tricolor dos Pampas mostrou um futebol rápido e insinuante e conquistou a Copa do Brasil 2016, ao superar o então favorito Atlético-MG com uma vitória de 3 a 1 em Belo Horizonte e com empate em 1 a 1 em Porto Alegre. A consolidação do título ocorreu, por incrível que pareça, no campo do adversário quando o Imortal fez 3 a 1 sobre o Galo, quebrando um jejum de 15 anos sem conquistar um título de expressão nacional. Em Porto Alegre, soube controlar o jogo e abriu vantagem com um gol de Miller Bolaños. Para consolo dos torcedores atleticanos, o também equatoriano Cazares marcou um golaço de cobertura sobre Marcelo Grohe. Pode até ser escolhido para disputar como o gol mais bonito na premiação da Fifa. Menos mal para o Galo, que já está automaticamente classificado para a Fase de Grupos da Copa Libertadores da América 2017 por causa da desistência dos clubes mexicanos de jogar a competição.

 Como ficou a situação dos clubes no Brasileirão 2016

Com a competição encerrada, ficou definida a situação dos clubes que disputaram a Série A do Brasileirão 2016.

Copa Libertadores – Palmeiras, Santos, Flamengo, Atlético-MG, Grêmio (campeão da Copa do Brasil) e Chapecoense (campeã da Copa Sul-Americana)

Pré-Libertadores – Botafogo e Atlético-PR

Copa Sul-Americana – Corinthians, Ponte Preta, São Paulo, Cruzeiro, Fluminense e Sport

Ou seja, apenas Coritiba e Vitória não se classificaram para nenhum torneio internacional, porque os outros foram rebaixados para a Série B – Internacional, Figueirense, Santa Cruz e América-MG

Subiram da Série B – Atlético-GO, Avaí, Vasco da Gama e Bahia

 Seleção do Campeonato Brasileiro

A seleção do campeonato foi escolhida por jornalistas de todo o Brasil por meio de votação. Nesse ano, o grupo foi formado basicamente por jogadores das quatro equipes melhores colocadas no campeonato: Palmeiras, Santos, Flamengo e Atlético Mineiro.

ESCOLHIDOS

Goleiro – Jaílson (Palmeiras)

Lateral direito – Jean (Palmeiras)

Zagueiro direito – Geromel (Grêmio)

Zagueiro esquerdo – Yerri Mina (Palmeiras)

Lateral esquerdo – Jorge (Flamengo)

Volante – Tchê Tchê (Palmeiras)

Volante – Moisés (Palmeiras)

Meia – Diego (Flamengo)

Meia – Dudu (Palmeiras)

Atacante – Robinho (Atlético-MG)

Atacante – Gabriel Jesus (Palmeiras)

Melhor técnico – Cuca (Palmeiras)

Técnico revelação – Jair Ventura (Botafogo)

Craque do Campeonato – Gabriel Jesus (Palmeiras)

Revelação do Campeonato – Vitor Bueno (Santos)

Artilheiro do Campeonato – William Potker (Ponte Preta), Fred (Atlético-MG) e Diego Souza (Sport), todos com 14 gols

Melhor trio de arbitragem – Raphael Claus (árbitro), Marcelo Van Gasse e Rogério Zanardo (assistentes), todos de São Paulo

Troféu Fair Play – Flamengo

Gol mais bonito – Zé Roberto (Palmeiras) contra o Santa Cruz

Craque da galera – Goleiro Danilo (in memoriam) da Chapecoense

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