DA REDAÇÃO (com O Globo) – O padre Jacques Hamel, degolado durante o ataque a uma igreja na Normandia, foi descrito como uma pessoa querida e um homem de paz, que trabalhava em conjunto com a comunidade muçulmana em Saint-Etienne-du Rouvray. Na terça-feira (26), dois homens relacionados ao Estado Islâmico invadiram o templo, mataram o sacerdote e feriram gravemente um outro homem. De acordo com uma testemunha, o padre foi obrigado a se ajoelhar antes de ser assassinado.
Jacques Hamel, de 86 anos, era padre auxiliar da paróquia de Saint-Etienne e celebrava a missa no momento do ataque. Nascido em 1930 em Darnétal, en Seine-Maritime, ele fora ordenado em 1958 e, embora pudesse ter se aposentado aos 75, “se sentia forte para continuar a trabalhar”, contou o abade Auguste Moanda-Phuati.
O padre Hamel trabalhava ainda de forma próxima com a comunidade muçulmana, principalmente após os últimos atentados na França. Segundo relatos, os terroristas se filmaram pregando em árabe no altar no momento do ataque.
“Nossas comunidades religiosas trabalhavam frequentemente juntas. Nos últimos 18 meses, após o início dos ataques, tínhamos reuniões e nos comunicávamos muito. Ele era um homem de paz”,contou Mohammed Karabila, presidente do Conselho Regional de Culto Muçulmano na Normandia.
Karabila afirmou que “os terroristas querem jogar uma comunidade contra a outra”. Ele anunciou que um minuto de silêncio pelo padre nesta quarta-feira na igreja por iniciativa da comunidade muçulmana.
O Papa Francisco expressou “dor e horror” por este “assassinato bárbaro”, indicou o Vaticano em um comunicado. “Estamos particularmente abalados por esta violência horrível ocorrida em uma igreja, um lugar sagrado no qual se anuncia o amor de Deus”, afirma a nota.