Polícia Federal desbarata quadrilhas especializadas em transportes de migrantes ilegais para o exterior
Passaporte falso, viagem e mais o translado de um migrante ilegal para os Estados Unidos chega a custar US$ 15 mil em época de fiscalização mais acirrada. Em geral, o preço cobrado por quadrilhas especializadas é de US$ 10 mil. A informação foi descoberta em investigações das operações Canaã e Overbox, da Polícia Federal, que levou à prisão de 43 pessoas ontem (quarta-feira). Segundo informações da polícia, alguns compradores desse pacote eram foragidos da Justiça.
Pelo menos 35 pessoas foram presas na Grande São Paulo e mais oito em Ipatinga, na região de Governador Valadares, em Minas Gerais. Entre os acusados estão sete agentes federais, um servidor da Polícia Federal e funcionários de companhias aéreas, que facilitavam o embarque de imigrantes ilegais. Os demais presos atuavam como aliciadores e intermediadores.
Os servidores públicos ainda participavam de um outro esquema de contrabando e descaminho, favorecendo a entrada de mercadorias vindas da China e da Flórida, nos Estados Unidos. As duas operações juntas, Canaã e Overbox, têm 56 mandados de prisão a cumprir e 60 mandados de busca e apreensão. De acordo com a PF, novas prisões devem ocorrer na noite desta quarta-feira, inclusive de brasileiros que moram nos Estados Unidos.
No Aeroporto de Guarulhos, os policiais apreenderam documentos e mercadorias contrabandeadas. Num depósito na região da Rua 25 de Março, no centro de São Paulo, também foram encontrados produtos contrabandeados. No Tatuapé, na zona leste da capital, dois peruanos foram presos por falsificação de documentos e vistos.
As duas operações começaram em 2003, depois de denúncias feitas pela embaixada dos Estados Unidos. No decorrer das investigações, a embaixada da Espanha e a polícia mexicana também começaram a colaborar. É que, em um outro esquema de migração ilegal, a quadrilha usava passaportes espanhóis adulterados para que os migrantes tentassem atravessar a fronteira do México para os Estados Unidos.
– Ainda não temos o número exato de pessoas que usaram esse esquema – afirmou o superintendente da PF em São Paulo, Ivan Lobato, acrescentando que pode ter ocorrido também migração ilegal para a Espanha, especialmente de mulheres.
O adido policial da Espanha, José Luís Fernandes, afirma que a qualidade dos passaportes adulterados era alta. Ainda não se sabe se os documentos são os mesmos que foram roubados do consulado espanhol em São Paulo em agosto de 2004.
Os acusados devem responder por crime de formação de quadrilha, falsificação de documentos, corrupção ativa e passiva, contrabando e descaminho. Eles têm prisão preventiva decretada por cinco dias, prorrogável por mais cinco dias.