Um paciente brasileiro apresentou remissão completa de um linfoma não-Hodgkin — tipo de câncer que ataca o sistema linfático — em apenas um mês de tratamento. A informação foi divulgada por pesquisadores do Instituto Butantan, Universidade de São Paulo (USP) e Hemocentro de Ribeirão Preto, que testaram a terapia celular CAR-T Cell, um procedimento já é adotado nos Estados Unidos e em outros países para tratar linfomas e leucemias avançadas, como último recurso.
Até o momento, 14 pacientes foram tratados com o CAR-T Cell no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, no interior paulista. Todos os pacientes tiveram remissão de pelo menos 60% dos tumores. Como a terapia celular ainda está em fase experimental no Brasil, os pacientes foram tratados de forma compassiva, ou seja, por decisão médica, quando o câncer já estava em estágio avançado, sem alternativa terapêutica. A recuperação foi na rede SUS. Para quem pode pagar, o custo é de cerca de R$ 2 milhões. O desafio brasileiro é tornar a terapia acessível em larga escala por meio da saúde pública.
“As células são retiradas, enviadas para os Estados Unidos e voltam para os pacientes. No caso específico do grupo de estudos, toda essa produção foi feita no Brasil, por meio de pesquisa e ciência, pela Fapesp, CNPq, Instituto Butantã, Fundação Hemocentro, Faculdade de Medicina da USP, na capital e em Ribeirão Preto. Foi toda uma equipe de cientistas que permitiu a fabricação dessas células”, ressalta Rocha.
Nessa forma de tratamento, as células T do paciente (um tipo de célula do sistema imunológico) são alteradas em laboratório para reconhecer e atacar as células cancerígenas ou tumorais. “Ele teve uma remissão completa um mês depois da injeção dessas células”, contou Rocha, sobre o paciente recuperado do câncer.
O primeiro caso de remissão da doença por meio dessa técnica no país ocorreu em 2019, mas o paciente morreu por outra causa dois meses depois do tratamento. “O paciente obteve uma remissão parcial, mas pode ser que, naquele momento, ainda tivesse tempo de responder [totalmente ao tratamento]”, detalhou o médico.
*Com informações da Agência Brasil