Histórico

Oscar Niemeyer: morre um gênio brasileiro

Arquiteto, de 104 anos, estava internado há mais de um mês

Morreu na quarta-feira (5) o maior arquiteto que o Brasil já teve e um dos mais importantes do mundo. Oscar Niemeyer, 104 anos, estava internado desde o dia 2 de novembro no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, onde tratava de uma infecção respiratória. Na manhã de quarta, seu estado de saúde piorou e a morte foi anunciada pelos médicos à noite.

Autor de projetos marcantes no Brasil, como os prédios públicos e palácios de Brasília, o edifício Copan e o Memorial da América Latina, em São Paulo, a igreja da Pampulha, em Belo Horizonte e o Museu de Arte Contemporânea, em Niterói, Niemeyer deixou seu traço em obras pelo mundo inteiro. Nos Estados Unidos, seu trabalho mais importante foi a participação fundamental no projeto do prédio da Organização das Nações Unidas, em Nova York.

Nascido no Rio de Janeiro, em 15 de dezembro de 1907, Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho começou a carreira na década de 1930, quando buscou emprego no escritório de outro grande arquiteto e urbanista brasileiro, Lucio Costa, com quem mais tarde trabalhou ao lado no projeto de Brasília, a nova capital brasileira, considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.

Idealista convicto, Niemeyer permaneceu comunista atá o fim de seus dias. Afastou-se do Brasil durante o regime militar, quando dedicou-se mais à carreira no Exterior, abrindo um escritório em Paris, de onde comandou diversos trabalhos pelo mundo. De lá, saíram projetos como os da sede do Partido Comunista Francês, o Centro Cultural de La Havre e a Mesquita de Argel, na Argélia.

Arquiteto que prezava a sinuosidade, Niemeyer buscava reproduzir no concreto de seus projetos a linha curva que via na vida – a linha que brinca nas montanhas, no litoral carioca e na sensualidade do corpo das mulheres que amava. Erudito sem ser pedante, gênio sem excentricidades, buscava inspiração também na literatura: “Minha lição para a arquitetura é ler romance, poesia, ficcão, Simenon, e nada de livro técnico. A maioria dos meus projetos é resolvida pelo texto”, dizia.

Avesso às viagens, Niemeyer morreu na cidade em que nasceu, de onde pouco saía. Mantinha um escritório em Copacabana, onde trabalhava até pouco antes de morrer. Preocupava-se em passar seu legado para o futuro, e recebia semanalmente no escritório grupos de estudo, que coordenava pessoalmente.

A longa vida de Oscar Niemeyer lhe deu a oportunidade de deixar uma obra extensa e admirada por todo mundo, e seu nome vai estar para sempre marcado na história do século vinte como o de um dos maiores arquitetos do seu tempo.

O corpo será velado no Palácio da Cidade, no Rio de Janeiro. Antes, será levado à Brasília para também ser velado no Palácio do Planalto, onde receberá homenagens oficiais, com a presença da presidente Dilma Rousseff. Em seguida, retorna ao Rio, para depois de uma cerimônia simples ser enterrado na sexta-feira (7), no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

Compartilhar Post:

Baixe nosso aplicativo

Exit mobile version