Por Antonio Tozzi
Eu não estou doente, não estou duro e estou pagando a pensão de meus filhos.
Com esta declaração, Dennis Rodmannega estar na pior, como foi divulgado na imprensa americana. Apesar de ter ganho cinco títulos na NBA dois com o Detroit Pistons e três com o Chicago Bulls -, ele admite que não está entre os ex-jogadores mais ricos, como, por exemplo, seus ex-companheiros de Chicago Bulls, Michael Jordan e Scottie Pippen, mas nega estar na pior.
Na verdade, ele parece ser apenas mais um ex-atleta que volta a ser notícia por não ter sabido administrar o patrimônio acumulado quando estava na ativa. Ainda no terreno do basquetebol, temos o caso de Allen Iverson, até há pouco tempo era uma das principais atrações da NBA. O armador do Philadelphia Sixers está suplicando por times para jogar, mas parece que as portas se fecharam, mesmo nos clubes de outros países onde ele poderia tornar-se uma atração. Seu basquete decadente e sua arrogância formam uma barreira quase intransponível e os dirigentes não querem comprometer-se ao contratar um jogador com alto salário, muitos privilégios e baixa produtividade.
Caso ainda mais assustador é o de Antonie Walker. Ex-craque do Boston Celtics, onde formou o dynamic duo com Paul Pierce, ele construiu um bom nome na NBA, conquistando até mesmo um título, quando estava no elenco do Miami Heat, na temporada 2005-2006.
Hoje, enfrenta problemas com pagamento de dívidas. Sua mansão em Miami foi retomada pelo banco e, dizem, que ele queimou uma fortuna de mais de 100 milhões de dólares. A maior parte do débito veio das apostas. Em junho de 2010, ele deu um cheque de 770 mil dólares para saldar as dívidas com o Caesars Palace e outros dois cassinos de Las Vegas. Hoje, também tenta, sem sucesso, voltar a uma equipe de ponta da NBA, após ter penhorado até mesmo o anel de campeão, a glória máxima do jogador de basquete.
Entretanto, este problema não se resume ao basquetebol. Bjorn Borg, um dos maiores tenistas de todos os tempos, foi obrigado a leiloar troféus conquistados em Grand Slams, quando derrotou tenistas do nível de Ivan Lendl, John McEnroe, Guillermo Villas e outros para saldar dívidas. A fim de evitar uma humilhação suprema, Andre Agassi arrematou o troféu de Borg e graciosamente devolveu ao campeão o que lhe era de direito. O roteiro para a debacle? O de sempre. Casamentos mal sucedidos, investimentos errados e o círculo de amigos.
E como esquecer de Mike Tyson. O menino pobre de Brooklin, Nova York, foi talvez o último grande campeão de boxe na categoria peso pesado. Acumulou uma fortuna, gastou com mulheres, festas, bebidas e mansões. Chegou inclusive a comprar um tigre siberiano como animal de estimação. Hoje, aos 45 anos, admitiu que vive na penúria por ter gasto muito e não ter sabido poupar para o futuro, quando o corpo não mais poderia suportar os duros golpes desferidos pelos adversários.
No Brasil, não é diferente. Vários ex-craques morreram na miséria ou vivem modestamente agora que estão longe dos gramados. Jorge Mendonça, que brilhou no Palmeiras e na Seleção Brasileira, teve um triste fim e morreu em consequência do alcoolismo. O consagrado Mané Garrincha, também vítima de alcoolismo, deixou apenas glórias para seus descendentes.
Os casos são muitos, mas para ficar nos mais recentes, podemos citar Romário, que teve de se apoiar em sua popularidade para conseguir uma vaga no Congresso que lhe garantisse um bom rendimento mensal, e Adriano, que teima em jogar fora sua carreira, desperdiçando o talento que Deus lhe deu para jogar futebol. Talvez, a exemplo de Tyson, ele seja bipolar, que o impeça de cumprir suas obrigações, pelas quais é muito bem pago. Sua última oportunidade parece ser o Flamengo, clube que considera como sua própria casa e que se tornou realmente a tábua de salvação, ou, então, o naufrágio inapelável.
Esta é uma lição a ser aprendida pelos jovens atletas que estão iniciando a carreira e também pelos profissionais de outras atividades, que devem zelar pelo seu patrimônio.
Anteriormente publicado no www.diretodaredacao.com