Histórico

Operação do FBI na Suíça e em Miami prende executivos da Fifa

Dirigentes são acusados de corrupção e foram pegos de surpresa. Dois brasileiros estão entre os presos

Operação do FBI na Suíça e em Miami prende executivos da Fifa

DA REDAÇÃO (com ESPN) – Dirigentes de alto escalão da Federação Internacional de Futebol – Fifa foram surpreendidos na madrugada de quarta-feira (27) numa operação do FBI que prendeu executivos na Suíça e também nos Estados Unidos. A investigação do FBI culminou na prisão de nove dirigentes da Fifa em Zurique e em Miami, em processo movido pela Justiça dos Estados Unidos que, no total, envolveu 18 pessoas. São quatro réus já condenados, que assumiram a culpa por diversos crimes, e outros 14 acusados (incluindo os dirigentes), sendo dois desses brasileiros: o ex-presidente e atual vice-presidente da CBF José Maria Marín e o empresário José Lázaro Margulies.

O grupo dos detidos será extraditado para os Estados Unidos a fim de uma maior investigação sobre o assunto na federação mais importante do futebol mundial.

De acordo com informações publicadas pelo jornal NY Times, mais de uma dúzia de policiais suíços à paisana chegaram sem aviso prévio ao Baur au Lac Hotel, local no qual executivos se hospedavam para o congresso anual da organização, marcado para os dias 28 e 29 de maio, e renderam os acusados de corrupção em ação pacífica, sem menor resistência dos envolvidos.

Segundo nota oficial do Departamento de Justiça americano, 14 réus são acusados de extorsão, fraude e conspiração para lavagem de dinheiro, entre outros delitos, em um “esquema de 24 anos para enriquecer através da corrupção no futebol”. Sete deles foram presos na Suíça. Além de Marin, Jeffrey Webb, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Eugenio Figueredo e Rafael Esquivel. Um mandado de busca também foi executado na sede da Concacaf, em Miami.

O brasileiro J.Hawilla, dono da Traffic, conhecida empresa de marketing esportivo, é um dos réus que se declararam culpados, assim como duas empresas de seu grupo, a Traffic Sports International Inc. and Traffic Sports USA Inc. Em dezembro de 2014, segundo a justiça dos EUA, ele concordou em pagar mais de 151 milhões de dólares, sendo que $25 milhões foram pagos na ocasião. As acusações são de extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução de justiça.

Além de Hawilla, também se declararam culpados o americano Charles Blazer, ex-secretário-geral da Concacaf e ex-representante dos EUA no Comitê Executivo da Fifa; Daryan e Daryll Warner, filhos do ex-presidente da Fifa Jack Warner.

As polêmicas eleições para as sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022, que escolheram, respectivamente, Rússia e Catar, como sedes são centro das investigações. No segundo pleito, o mais controverso, os Estados Unidos buscavam o direito de receber o torneio.

A ação policial desta manhã de quarta-feira na Suíça terá um grande efeito nos próximos dias da entidade, que marcou para esta sexta-feira (29) a eleição de um novo presidente. Novo, em teoria. Joseph Blatter, no comando da Fifa desde 1998, surgia como o grande favorito para mais um mandato; o suíço possuía apenas a concorrência de Ali bin Al-Hussein, príncipe da Jordânia.

O ex-jogador português Luís Figo, que fez história com a seleção do país e as camisas de Real Madrid e Barcelona, também aparecia como candidato até a semana passada. Entretanto, o antigo atleta desistiu do pleito e acusou a Fifa de ser gerida como uma ‘ditadura’. O dirigente holandês Michael Van Praag também lançou campanha, mas também se retirou.

Fifa se diz vítima e mantém eleições e sedes de Copas
Em um pronunciamento seguido por uma entrevista coletiva, o porta-voz da Fifa, Walter de Gregório, disse que a entidade é uma vítima em todo o processo e que o presidente Joseph Blatter comemorou a notícia.

“O que aconteceu hoje é bom para a Fifa. Não em termos de imagem, é claro, mas para fazer uma limpeza. É um processo que já começamos, de investigar. Nós ajudamos a Justiça, é de nosso interesse que essa história seja apurada”, disse o funcionário da entidade.

“A Fifa é na verdade uma vítima, é a parte prejudicada nesse processo, porque danifica nossa imagem. Não houve qualquer ação dentro de nossos escritórios, somos a parte que sofre as consequências”, acrescentou.

De Gregorio recusou-se a dar os nomes dos envolvidos no caso, mas o Departamento de Justiça dos Estados Unidos já confirmou que entre eles está o ex-presidente da CBF e do Comitê Organizador da Copa de 2014, José Maria Marin.

O porta-voz disse, ainda que o presidente Joseph Blatter está “tranquilo” com relação às ações desta quarta-feira. “Ele não está dançando na sala, mas está tranquilo. O nome dele e o do secretário-geral não tem qualquer envolvimento neste caso”.

A bomba que balança as estruturas do futebol mundial surge às vésperas do 65o Congresso da Fifa, que será marcado pela eleição presidencial da entidade. Segundo o porta-voz, o pleito está mantido e não há qualquer intenção de suspender o evento.

O funcionário também descartou qualquer hipótese de a Fifa fazer uma nova votação para as sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022 – Rússia e Catar, respectivamente.

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