Uma das áreas mais complexas e desafiadoras da medicina é a área da oncologia. O oncologista, além de ter que tratar de uma doença que mata mais de 8,2 milhões de pessoas todos os anos no mundo, participa de um dos momentos mais difíceis da vida do paciente e da sua família. “O oncologista tem que ser otimista por natureza. O oncologista que não for carinhoso e acolhedor, não é um bom médico. A gente cria um vínculo com nossos pacientes e participamos das suas vitórias, vibramos e sofremos juntos”, diz o médico brasileiro Marcelo Blaya, que trabalha nos Estados Unidos desde 2007 e hoje é considerado um dos maiores especialistas do assunto na Flórida.
“Para mim, é a especialidade mais bonita dentro de todas as especialidades. Se você fizer bem, você vai ajudar uma família num período muito difícil da vida deles. Eu fiz medicina para ajudar pessoas”, completa o médico que nasceu em Porto Alegre (RS), se formou na PUC do Rio Grande do Sul e chegou em Miami em 2001 para fazer residência médica.
Vindo de uma família de médicos, Blaya contou ao AcheiUSA que fez residência na área de clínica geral em Miami e depois em oncologia. Ele veio acompanhado da esposa que é médica neurologista (hoje eles têm três filhos). Alguns anos depois, em 2007, ele foi convidado para ir para New Orleans, na época, destruída pelo furacão Katrina e começou a dar aulas na Tulane University. “A experiência em New Orleans foi sensacional, pois contribuí para a reconstrução da cidade. Tenho muitos amigos lá, amigos muito queridos”, disse.
Há dois anos, Blaya recebeu uma proposta muito boa para voltar para Miami com a família e hoje ele atende em uma clínica de oncologia em Aventura (FL) e no Breast Center do hospital Memorial Healthcare System, em Hollywood (FL), onde atende mulheres com câncer de mama. Na clínica, ele atende outros tipos de câncer, como cólon, estômago e pâncreas.
Ele afirma que o Memorial é uma das principais referências em tratamento de câncer do sul da Flórida e o paciente pode encontrar toda a assistência relacionada ao tratamento da doença, desde exames laboratoriais, a radioterapia, quimioterapia e cirurgia quando é o caso.
“Os pacientes encontram aqui no Memorial toda a assistência necessária para o tratamento do câncer, tudo no mesmo espaço físico. Isso aumenta muito a chance de as coisas darem certo”.
Atendimento para estrangeiros
O Memorial Health System tem um setor especialmente direcionado para o atendimento a pacientes internacionais, o International Department (veja telefone abaixo) Segundo o médico, muitas pessoas do Brasil vêm fazer o tratamento aqui. “Já atendi muita gente de Recife, da Bahia e de várias partes do Brasil. Esse setor facilita a vida dos estrangeiros com os trâmites burocráticos, não importando se a pessoa está a passeio ou se é imigrante”, informou. Quanto aos custos do tratamento, Blaya afirmou não ter conhecimento já que trabalha para o hospital.
Ele afirma que atende muitos pacientes da comunidade brasileira e encoraja os imigrantes, mesmo sem documentos, a buscarem tratamento. “Se eu puder fazer uma coisa legal com um jornal voltado para brasileiros, é dizer que as pessoas venham falar com o International Department do hospital e busquem tratamento. O fato de estar em um país diferente ou não ter documentos, nem seguro de saúde, não pode ser um empecilho para se tratar. É muito importante continuar se cuidando. Não precisa ter medo. A pessoa quando escolheu vir para cá, ela escolheu vir para uma melhor condição. Até quem está aqui ilegal, escolheu vir por melhores condições e tem que se cuidar. Essas pessoas têm opções”, disse o médico.
Relação entre médico e paciente
Os brasileiros, muitas vezes, reclamam da forma com que o médico americano trata o paciente, até por uma questão de barreira da língua e por considerar o americano “mais frio”. Para Blaya, a medicina nos EUA é diferente porque existe uma preocupação grande com o aspecto legal, o “não diga que eu não avisei” e o médico já chega e dá todas as informações de uma vez. “Especialmente na nossa área, alguns pacientes reclamam que o médico já fala tudo que tem para dizer na primeira consulta. Acho que o brasileiro sabe dizer com mais jeito, não precisa descarregar um caminhão no paciente nesta hora. No final do dia, a minha função é ajudar o paciente a tomar a melhor decisão possível para o seu tratamento, para o que está acontecendo com ele”. Mas ele reafirma que conhece médicos americanos que têm essa sensibilidade, então, é mais uma questão de formação.
Prevenção
Ainda não existe remédio melhor do que a prevenção e o diagnóstico precoce quando o assunto é câncer. Marcelo Blaya é categórico em afirmar que o cigarro é o principal vilão. Quem fuma aumenta o risco de câncer de pulmão, pâncreas, rim, bexiga, cabeça e pescoço.
Nas mulheres, o câncer que mais mata é o de mama. A recomendação é que a mamografia seja feita a partir dos 40 anos. Mas vale lembrar que se existem casos de câncer na família, a prevenção tem que ser mais cedo. “Se a pessoa tiver casos de câncer na família, ela tem que fazer exames antes da idade recomendada. No caso dos homens, o câncer de próstata também é muito comum e vale lembrar que estamos no mês de novembro que é o mês de conscientização mundial para esse tipo de câncer. O exame deve ser feito a partir dos 50 anos”.
Quanto à alimentação, o oncologista afirma que existem estudos observacionais sobre a relação entre alimentos e câncer, mas que não existe uma conta exata. “Na medicina, temos estudos comprovados sobre a eficácia de medicamentos x ou y e isso é 100%. Quanto à alimentação, sabemos que uma dieta rica em carne vermelha e produtos defumados aumenta o risco de câncer de cólon, que uma dieta rica em gorduras aumenta o risco de câncer de mama, assim como o sedentarismo é prejudicial, entre outros fatores, mas nada é comprovado cientificamente. O mais importante, é o equilíbrio. Eu sempre digo para os meus pacientes, tudo é com moderação”, enfatizou. “Eu sou gaúcho e não posso dizer que carne vermelha faz mal”, brincou o médico.
Serviço:
Memorial Global Health
International Department
Soraya Balanta
954-265-3200