A dengue se tornará uma grande ameaça no Sul dos Estados Unidos, no Sul da Europa e em novas partes da África nesta década, disse Jeremy Farrar, especialista em doenças infecciosas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo o especialista, com o avanço do aquecimento global, aumentam também as condições para que os mosquitos transmissores da infecção se espalhem.
Desde 2020, as taxas da doença já aumentaram em oito vezes em todo o mundo, impulsionadas principalmente pelas mudanças climáticas, bem como pelo aumento da movimentação de pessoas e da urbanização. Embora muitos casos não sejam notificados, em 2022 foram diagnosticados 4,2 milhões casos em todo o mundo, e as autoridades de saúde pública alertaram que são esperados níveis quase recordes de transmissão em 2023. Bangladesh está passando atualmente pelo pior surto de todos os tempos, com mais de 1 mil mortes. “Precisamos falar muito mais proativamente sobre a dengue”, disse Farrar, à Reuters. “Precisamos realmente preparar os países para lidar com a pressão adicional que virá… no futuro, em muitas cidades grandes.”
O especialista disse que é provável que a infecção “decole” e se torne endêmica em partes dos EUA, Europa e África – todas as regiões onde já houve alguma transmissão local limitada – à medida que o aquecimento global torna novas áreas hospitaleiras para os mosquitos que a transmitem. Isso exercerá uma pressão aguda sobre os sistemas hospitalares em muitos países, alertou ele.
A maioria das pessoas que contrai dengue não apresenta sintomas, o que significa que as taxas sejam muito mais altas do que os números relatados. Aqueles que apresentam sintomas podem ter febre, espasmos musculares e dores nas articulações tão fortes que são conhecidas como “febre de quebrar os ossos”. Em casos graves – menos de 1% – a doença pode ser fatal.
Não há tratamento específico para a dengue, embora haja uma vacina disponível. No início desta semana, a OMS recomendou a vacina Qdenga, da Takeda Pharmaceuticals, para crianças de 6 a 16 anos em áreas onde a infecção é um problema significativo de saúde pública.
Preparar novas regiões do mundo para lidar com a dengue significa garantir que quaisquer fundos de saúde pública sejam gastos nas áreas certas, disse Farrar, inclusive na melhor maneira de controlar o mosquito. “Precisamos combinar diferentes setores que não estão acostumados a trabalhar juntos”, disse ele.
*com informações da Agência Brasil