Mesmo com um orçamento apertado, sob críticas e em meio a uma das maiores crises político-econômicas da história do Brasil, a Olimpíada do Rio de Janeiro teve um começo surpreendente e deslumbrante.
A festa de abertura, realizada no icônico estádio do Maracanã na noite de sexta-feira, foi um espetáculo emocionante, que valorizou a diversidade cultural e a preocupação com o meio-ambiente, tanto no Brasil quanto no mundo, em vez de louvar simplesmente os atributos do País.
Criada pelo talento de gente como Abel Gomes, Fernando Meirelles, Daniela Thomas, Deborah Colker e Andrucha Waddington, a cerimônia de abertura foi uma celebração à tolerância e ao entendimento entre os povos.
Desde o começo, com a floresta e os índios como primeiros anfitriões da terra, passando pela chegada dos diversos povos que compuseram a diversidade racial e cultural do Brasil, até o discurso final sobre a conscientização do aquecimento global, a abertura buscou combater simbolicamente os discursos divisivos que ultimamente têm dominado os noticiários e as mídias sociais.
Se as escolhas das atrações musicais não agradaram a todos, pelo menos estiveram presentes, seja na obra ou em pessoa, gente do calibre de Paulinho da Viola (que cantou o Hino Nacional), Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elza Soares, Zeca Pagodinho, Wilson das Neves, Jorge Benjor, Chico Buarque e Tom Jobim, monstros sagrados da música brasileira. Foi ao som de ‘Garota de Ipanema’, aliás, que desfilou a gaúcha Gisele Bundchen, em mais uma menção sutil à diversidade racial brasileira, já que a supermodelo não carrega os estereótipos de beleza da mulher brasileira.
Um dos pontos altos da festa foi a decolagem de uma réplica do avião ’14 Bis’ de Santos-Dumont, não deixando escapar a oportunidade de mostrar ao mundo que a história da aviação pode ter tido um começo diferente do que o oficial. Porque embora o mundo, em especial os americanos, considere o avião como uma invenção dos irmãos Wright, só o brasileiro Santos-Dumont voou em frente a milhares de pessoas, em pleno coração de Paris, em 1906, três anos depois que o aeroplano dos irmãos americanos subiu com ajuda de uma catapulta e sem testemunhas para comprovar o feito.
Durante o desfile das delegações, o momento mais emocionante foi a passagem dos independentes, atletas refugiados da violência em seus países, que formaram um time de esperança nesta Olimpíada, além, é claro, da delegação brasileira, que desfilou por último.
A atriz Regina Casé anunciou a festa que seguiu o final do desfile, ao som das baterias das escolas de samba cariocas, com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Anitta, que fizeram um show emocionante, terminando numa espetacular queima de fogos.
A tocha olímpica chegou ao Maracanã carregada pelo tenista Gustavo Kuerten, o Guga, que a passou para a jogadora de basquete Hortência dentro do estádio. A honra de acender a pira olímpica ficou a cargo do maratonista Wanderlei Cordeiro de Lima.
Está aberta a Olimpíada Rio 2016. Que comecem os jogos.