As (fortes) imagens e áudios de crianças chorando desesperadas para não serem separadas dos pais e responsáveis na fronteira têm chamado a atenção de todo o mundo nos últimos dias. O assunto veio à tona depois que a administração Trump decidiu divulgar os números de separações de crianças na fronteira. Como resultado da política de ‘tolerância zero’, autoridades já separaram pelo menos duas mil crianças dos pais desde o dia 19 de abril até o dia 31 de maio deste ano, segundo o Departamento de Homeland Security. Oito crianças brasileiras estão entre elas.
As informações foram divulgadas pelo Consulado-Geral do Brasil em Houston. As crianças brasileiras estão entre as cerca de 2000 crianças vítimas da política de “tolerância zero” aos imigrantes ilegais colocada em prática pelo governo de Donald Trump.
A política estabelece que todo adulto que for pego atravessando a fronteira ilegalmente deve ser criminalmente processado. Se for capturado, o indivíduo é levado a um centro federal de detenção de imigrantes até que se apresente a um juiz.
A política não fala em separação das famílias, porém isso acaba sendo inevitável na prática já que as crianças não podem ser mantidas nestes centros de detenção.
O cônsul Felipe Costi Santarosa, responsável pelos estados do Texas e do Novo México, afirmou que o aumento nos casos de separação de famílias é “nítido” e que a nova política pode “aumentar esse número de forma preocupante”.
Santarosa afirma que existe um abrigo em Kerens, no Texas, que ainda funciona à forma antiga, como no governo Obama, sem separar famílias. Mais de 20 brasileiras estão nesse abrigo com os seus filhos e estão angustiadas com a possibilidade de se separar a qualquer momento das crianças em função da nova política migratória.
Antes da nova política, as famílias que chegavam à fronteira sem autorização e alegavam medo de voltar para a casa eram autorizadas a entrar e pedir refúgio no território americano.
Durante o processo de solicitação de refúgio o imigrante podia ou não ser detido, dependendo de uma série de fatores, inclusive a disponibilidade de vaga nos centros de detenção. Também eram realizadas audiências na fronteira, e a família toda poderia ser deportada.
Ao serem separadas de seus pais, as crianças são designadas pelo governo como “crianças imigrantes desacompanhadas” e, por isso, são levadas para abrigos sob custódia do governo, sem saber para onde seus pais foram. Imagens mostram crianças dentro de grades, dormindo em colchões no chão com cobertores de alumínio. (Com informações do G1 e agências).