Artes Plásticas

Obra de paisagista brasileiro é tema de grande exposição em New York

Criações do paulistano Burle Marx são a estrela da mostra Roberto Burle Marx: Brazilian Modernist, em cartaz no Jewish Museum, em Manhattan, até setembro

DA REDAÇÃO (com Folha) – Morto em 1994, o brasileiro Roberto Burle Marx foi um artista plástico renomado internacionalmente ao exercer a profissão de arquiteto-paisagista. Agora, mais de duas décadas após sua morte, sua obra é tema de uma grande exposição no Jewish Museum, localizado na ilha de Manhattan, em New York.

Desde a sexta-feira (6), Burle Marx ganha uma retrospectiva que reúne quadros, maquetes de jardins, tapeçaria, vitrais, vasos, azulejos, capas de livros, colares e ilustrações de sua autoria. Trata-se de uma produção tão prolífica que Claudia J. Nahson, co-curadora da exposição, ainda na tarde de segunda (2), um dia antes da exposição ser apresentada à imprensa, recebia telefonemas de colecionadores, informa o jornal Folha de S.Paulo. “A última ligação foi de uma pessoa que tinha uma joia desenhada por Burle Marx e queria saber se podíamos inclui-la na mostra”, explicou a curadora, que declinou a oferta. “Tem sido assim, pessoas nos oferecendo os mais variados tipos de trabalhos de Burle Marx”, completa Jens Hoffmann, o outro curador da exposição.

O paulistano Burle Marx
O paulistano Burle Marx

Com 200 trabalhos de Burle Marx e três anos de preparativos, a mostra “Roberto Burle Marx: Brazilian Modernist” (modernista brasileiro) do Jewish Museum detém agora o crédito de ser a primeira grande retrospectiva do artista nos Estados Unidos, com direito a um livro-catálogo escrito e editado pela dupla de curadores e que põe em perspectiva para o público internacional o trabalho de Burle Marx, além de apresentar alguns de seus seguidores.

Embora Burle Marx tenha criado e supervisionado mais de 2 mil projetos de paisagismo internacionais, outras facetas da versatilidade artística dele ainda continuam totalmente desconhecidas nos Estados Unidos, sendo raramente discutidas na mídia. “Ainda tendemos a ser míopes em se tratando da arte moderna que vem de fora”, explica Hoffmann. “Mas existe atualmente uma maior seriedade em explorar o modernismo fora da América do Norte ou da Europa, sem aquela ênfase total no fetichismo e exotismo pelo quais o movimento costuma ser visto”. Nos últimos meses, o Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, confirmou essa tendência, organizando duas exposições que “linkavam” também o trabalho de Burle Marx: “Lygia Clark: The Abandonment of Art, 1948–1988” (organizada em 2014) e “Latin America in Construction: Architecture 1955–1980” (exibida no ano passado).

Obra célebre em Miami Beach

Entre dezenas de itens e outros objetos, a mostra inclui diversos estágios do mais importante projeto de Burle Marx nos Estados Unidos: o calçadão e jardins do Biscayne Boulevard, em Miami Beach. Há também curiosidades como os projetos não executados do jardim da Organização dos Estados Americanos, na capital americana de Washington D.C., em parceria com o paisagista nascido na Itália e criado na Suíça e Brasil Conrad Hamerman.

A mesma exposição, patrocinada pelo Deutsche Bank, segue em julho de 2017 para Berlim. Em novembro de 2017 (e até março de 2018), ela será apresentada no Museu de Arte Moderna do Rio.

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