Presidente falou da necessidade de reforma, mas para tanto “são necessários os votos do outro partido”
Cercado pela expectativa dos mais de dez milhões de indocumentados que vivem na América, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, discursou na manhã desta quinta-feira numa universidade em Washington DC sobre o problema da imigração. Sem apresentar fatos novos, ele preferiu colocar a responsabilidade da reforma no colo dos republicanos. Sabemos da necessidade de mudanças na lei, pois o sistema está falido. A maioria dos democratas e da população sabe disso, mas precisamos dos votos do outro partido, disse Obama.
O presidente foi introduzido pelo pastor Bill Hybels, da Igreja Willow Creek, de Chicago, que esteve nas reuniões entre Obama e vários ativistas e legisladores nos últimos dias. Está na hora dos indocumentados saírem das sombras e participarem mais ativamente da sociedade, ressaltou o religioso. Neste momento, muita gente esperava que, finalmente, o líder da nação pudesse apresentar alguma solução concreta para o problema e chegou-se a cogitar um decreto do Poder Executivo favorável aos imigrantes, passando por cima do Congresso Nacional.
Mas Obama, apesar de contundente nas suas palavras e disposto a ressucitar o debate sobre a reforma imigratória, exaltou a necessidade de um esforço bipartidário. Ele começou o discurso lembrando que a última vez que esteve naquela universidade foi durante sua campanha presidencial: Tinha ao meu lado o senador Edward Kennedy, um grande defensor dos direitos humanos e que sempre lutou por mudanças na lei imigratória, disse Obama.
Enfatizando os vários problemas enfrentados pelos EUA na atualidade, especialmente a crise econômica e as guerras, o presidente afirmou que sua administração tem obtido importantes vitórias, como incentivos à Educação, a aprovação de um plano de saúde, a introdução de leis para coibir a especulação na área financeira e a adoção de medidas para proporcionar energia renovável ao país. Com a reforma imigratória não é diferente. Por isso reforçamos as fronteiras, tanto que existe hoje na divisa um número recorde de agentes para garantir a segurança do país, disse.
No entanto, Obama esclareceu que acabar com a imigração ilegal deve necessariamente andar lado a lado com as mudanças do sistema de imigração falido: Não podemos mais prejudicar os jovens que chegaram ainda crianças a este país. Estamos perdendo bons valores, explicou. Mas para tanto, o presidente quer mostrar para estas 11 milhões de pessoas que ser americano não é apenas ter direitos, mas responsabilidades: O caminho para a legalização vai passar pelo pagamento de multa e acerto de contas com o imposto de renda, bem como pela obrigatoriedade de aprender o idioma inglês.
Ao comentar a polêmica lei do arizona, Obama disse que a medida é entendível, mas inaceitável. Agora estamos prontos para agir. A maioria dos democratas sabe disso, a maioria da população quer isso, mas precisamos dos votos dos republicanos. É uma questão matemática. Precisamos assumir a responsabilidade e resolver a questão de uma vez por todas, repetiu.