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O que os imigrantes ilegais podem esperar do próximo presidente?

Trump esteve com a artilharia voltada para os imigrantes ilegais durante toda a campanha. Veja a opinião de especialistas sobre o assunto

A surpreendente eleição de Donald Trump para a Casa Branca deixou os imigrantes preocupados em especial os que vivem no País ilegalmente. Durante toda a campanha, Donald Trump falou em construir um muro na fronteira dos EUA com o México, que acabaria com vistos de trabalho e também disse que deportaria os mais de 11 milhões de indocumentados que vivem no país.

Na opinião do advogado de imigração Ludo Gardini não há razão para pânico. “O Trump é um demagogo. Ele construiu um personagem durante a campanha e eu não acho que vá levá-lo para a presidência. Ele é casado com uma imigrante e não vai deportar 11 milhões de indocumentados. Para mim, ele só falou o que o americano insatisfeito com o Obama queria ouvir”, disse Gardini.

Para o advogado, o grande problema pode ser a nomeação do juiz para a Suprema Corte. “Isso sim tem que ser feito de forma cuidadosa porque o juiz da Suprema Corte será o que vai desempatar o que chegar até eles. Então, disso eu tenho medo”. Gardini disse, ainda, que acredita que o novo presidente poderá aumentar o rigor nas fronteiras (incluindo aeroportos), mas que não há motivo para pânico. “É dançar conforme a música”.

O brasileiro Gustavo Andrade, da ONG pró-imigrantes CASA de Washington DC, acha que o pior de tudo da eleição do Trump é que o imigrante ilegal não sabe o que esperar. “Acredito que devemos nos preparar, fazer planos para as famílias em caso de deportação. Mas, por enquanto, não tem muito o que fazer. O que é mais terrível é que ninguém sabe o que esperar”, disse Andrade.

A advogada de imigração Renata Castro Alves acha que nenhum imigrante, nem o legalizado, está seguro sob administração Donald Trump. “Trabalhei durante toda a eleição e o que pude observar é que o eleitor do Trump tem muito ódio a imigrante e é também racista, assim como ele. Na minha opinião, nem mesmo o imigrante que tenha documentos está seguro. Não sabemos o que ele vai fazer, é imprevisível, mas não estou muito otimista”.

Acostumada a lidar com imigrantes todos os dias, principalmente, com os problemas dos imigrantes indocumentados, Esther Pereira do IAC – Centro de Assistência ao Imigrante, acredita que Trump irá reforçar o ICE – a polícia da imigração. “Pode ter certeza que ICE vai florescer e ele vai aumentar o número de deportações, principalmente, daqueles que cometeram crimes ou que tenham ordem de deportação”, opina Ester. Mas ela acrescenta que ninguém deve entrar em pânico.

Plano de Trump para a imigração

De acordo com o plano para os primeiros cem dias de governo divulgado por Trump em outubro, chamado de “Contrato de Trump Com o Eleitor Americano”, as seguintes medidas imigratórias serão tomadas pelo seu governo logo após a posse:

  • Suspensão do repasse de recursos federais para as chamadas “Cidades Santuário”, onde não há repressão local à imigração ilegal;
  • Revogação de todas as ordens executivas inconstitucionais assinadas por Obama. Entre as ordens que podem ser revogadas está o DACA, medida que protege da deportação imigrantes que chegaram aos EUA ainda crianças, trazidos pelos pais e que lhes fornece autorizações temporárias de trabalho.
  • Aumento do rigor na triagem de imigrantes provenientes de regiões com maior risco de terrorismo;
  • Remover imediatamente cerca de 2 milhões de imigrantes ilegais criminosos ilegais e cancelar o programa de visto para os países que não os aceitarem de volta;
  • Prover recursos para a construção do muro na fronteira sul, cujo custo será cobrado posteriormente do México.
  • Estabelecer um mínimo de dois anos de detenção para a reentrada ilegal no país depois de uma deportação, e de cinco anos, no mínimo, para reentrada ilegal para os que têm condenações criminais, vários delitos ou mais de uma deportação anterior.
  • Reformulação das regras de concessão de visto para aumentar as penalidades para quem ultrapassa o tempo de permanência autorizada no país;
  • Criação de medidas que priorizem a ocupação dos postos de trabalho com trabalhadores americanos antes de qualquer coisa.
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