DA REDAÇÃO – O final de semana do Super Bowl 54 está trazendo para Miami os maiores nomes do esporte, do show business e das celebridades em geral. Mas em meio a tanta festa e glamour, há um fluxo subterrâneo de meninas e mulheres anônimas que estão vivendo o drama de estarem escravizadas aos negócios de tráfico sexual. Nesse sentido, as autoridades do sul da Flórida estarão atentas para coibir estas atividades, que se proliferam em ocasiões destes grandes eventos.
A Flórida ocupa a terceira posição em todo o país em casos de tráfico de seres humanos, e o Condado de Miami-Dade é o epicentro deste crime no estado, de acordo com um relatório da Procuradoria do Estado. Num fim de semana como este, que trará para a nossa região cerca de 100 mil visitantes (na maioria, homens), os que se beneficiam destas atividades querem maximizar seus ganhos e já circulam ávidos por South Beach e região. Um documento elaborado pela procuradoria afirma que estes cafetões – descritos como senhores de escravos modernos pelas autoridades policiais – costumam faturar mais de $ 1 mil por noite, por mulher sob seu controle. “É a lei da oferta e da procura”, confirma um policial, que está atuando para coibir este tipo de crime neste fim de semana específico.
Segundo o relatório, 40 milhões de adolescentes e mulheres foram vítimas da indústria de tráfico de sexo, que gera mais de $ 150 bilhões. “O Super Bowl, em um lugar bonito e festivo como Miami, é uma pechincha para os traficantes”, disse Theresa Flores, uma sobrevivente do tráfico de mulheres. Ela estima que o lucro para estes cafetões pode chegar a $ 50 mil em um fim de semana.
Os grupos de defesa dos direitos humanos realizaram treinamentos com funcionários de hotéis, restaurantes e de carros de aplicativos sobre como reconhecer a atividade de tráfico de mulheres. Antes do Super Bowl em 2019, em Atlanta, a polícia realizou 169 prisões relacionadas ao tráfico de pessoas, e pelo menos duas dezenas de vítimas foram resgatadas. A polícia acredita que o potencial para atuação destes criminosos em uma cidade como Miami é muito maior.
A procuradora do estado de Miami-Dade, Katherine Fernandez Rundle, criou o Centro de Tráfico Humano em 2012, que hoje está abrigado em um prédio de cinco andares. A organização registrou 619 casos de tráfico – 36% deles envolvendo menores de idade – e a maioria dos fatos aconteceu em grandes eventos esportivos e convenções profissionais. “São casos difíceis, porque as vítimas geralmente são crianças traumatizadas, estupradas, drogadas e isoladas por tanto tempo”, disse a procuradora. Ela acrescenta que, na última década, as leis foram alteradas para reconhecer e atacar esse tipo de crime e seus predadores: “Mas ainda há um longo caminho a percorrer”, afirmou.