Estados Unidos Imigração

O medo de empresários diante da promessa de deportações em massa

Estudos indicam que a deportação de trabalhadores imigrantes vai impactar setores-chave da economia americana, como agricultura e saúde, já enfraquecidos pela falta de mão de obra. Estados como Flórida e Califórnia, que dependem fortemente desses trabalhadores, podem sofrer impactos ainda mais profundos.

Redução da força de trabalho imigrante pode aumentar os preços dos alimentos, afetando a produção e a oferta. Foto: Freepik

Os planos de Trump para endurecer a imigração nos EUA, incluindo a deportação de milhões de imigrantes indocumentados, geram preocupação em setores-chave da economia. Segundo o UC Davis Global Migration Center, cerca de 10,5 milhões de imigrantes não documentados vivem no país, sendo 8,5 milhões empregados em áreas como agricultura, hospitalidade, construção civil e saúde — já afetadas pela falta de mão de obra. Empresários temem que essas políticas agravem a escassez de trabalhadores e tragam impactos econômicos severos.

Na agricultura, onde os imigrantes desempenham papéis cruciais, os riscos são grandes. Estima-se que 85% dos trabalhadores estrangeiros nas fazendas americanas estão no país há mais de uma década. Muitos utilizam vistos temporários, que não garantem estabilidade contínua. Ron Estrada, da organização Farmworker Justice, alertou que deportações em larga escala “podem destruir a base do sistema alimentar americano”. Isso pode aumentar os custos de produção e pressionar ainda mais os preços para os consumidores.

Além disso, a pesquisa da UC Davis revela que a redução da imigração pode causar perdas significativas na geração de empregos. Economistas preveem que um retorno aos níveis de imigração anteriores a 2020 poderia reduzir em 100 mil empregos por mês o crescimento econômico dos EUA. Essa possível retração pode ser agravada pela dependência de trabalhadores imigrantes em estados como Califórnia e Flórida, que desempenham papéis vitais na economia nacional.

No entanto, os custos e desafios logísticos para implementar deportações em massa levantam dúvidas sobre a viabilidade das políticas. Especialistas como Julia Pollak, economista do ZipRecruiter, apontam que as medidas podem variar regionalmente, com áreas mais dependentes de trabalhadores imigrantes adotando abordagens menos rigorosas. Para muitos empresários, a incerteza é um lembrete do caos enfrentado durante a pandemia, quando faltava mão de obra para operar restaurantes e fazendas.

Apesar das promessas da equipe de transição de Trump de implementar “a maior operação de deportação da história”, críticos acreditam que essas medidas podem se tornar simbólicas, devido a custos exorbitantes e barreiras legais.

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