O futebol brasileiro tem papel de destaque no cenário mundial, sendo reverenciado em todo planeta graças à arte e ao talento de seus jogadores ao longo de décadas. O resultado pode ser comprovado com a conquista de cinco títulos mundiais e dois vices, além de ter participado de todas edições de Copa do Mundo desde 1930.
Pois bem, para administrar esse fenômeno deveríamos ter à frente do futebol brasileiro os melhores gestores esportivos a fim de potencializar um dos melhores produtos à disposição no mercado mundial. Entretanto, não é o que ocorre. Infelizmente, o gerenciamento do futebol brasileiro está nas mãos da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), uma entidade privada que se comporta como um órgão público da pior espécie.
A CBF tem à sua disposição uma mina de ouro, uma seleção composta por jogadores de alto quilate, que podem gerar lucros para ela. Porém, nem sempre isto reverte para o bem comum. Na época em que Ricardo Teixeira era o presidente da entidade, ele acertou um contrato com uma empresa de marketing esportivo que adquiriu os direitos de negociar os jogos da Seleção Brasileira ao seu bel prazer. O seu colega argentino Julio Grondona, já falecido, aceitou proposta semelhante. Aí, brasileiros e argentinos tiveram de assistir ao encontro de Neymar e Messi atuando nos campos da China, do Oriente Médio e outros locais longe da América do Sul. O dinheiro arrecadado deveria reverter para os cofres da CBF e da AFA (Associação de Futebol da Argentina), mas quem fiscaliza este tipo de coisa?
Agora, sob o comando de Ednaldo Rodrigues, a CBF conseguiu se tornar ainda pior. Sob sua gestão, a Seleção Brasileira pena para se classificar à próxima Copa do Mundo – fiquem tranquilos, vai se classificar -, com revezamento de técnicos e nenhum planejamento.
Aliás, falta de planejamento parece ser o padrão da CBF. No ano passado, o Brasileirão, previsto para terminar no dia 2 de dezembro, teve a última rodada adiada para o dia 6 de dezembro, uma quarta-feira. A mudança enfureceu atletas, treinadores, jornalistas esportivos e o pessoal que trabalha no meio do futebol, que já haviam programado suas férias para o período logo após o encerramento da competição.
Bem, a lição não foi aprendida. Este ano, as semifinais da Copa do Brasil estavam previstas para os dias 2 e 16 de outubro, conforme o calendário divulgado pela CBF no início de janeiro. Os horários das partidas de ida somente foram divulgados na semana passada, demonstrando total falta de organização.
Para piorar, a CBF anunciou uma troca de datas. Ou seja, a rodada em que deveriam ser realizados os jogos de volta das semifinais da Copa do Brasil foi modificada. Atendendo a pedidos de Flamengo e Atlético-MG, clubes visitantes, a CBF decidiu colocar no meio da semana as seguintes partidas referentes ao Brasileirão: São Paulo x Vasco; Fortaleza x Atlético-MG; Flamengo e Fluminense, e Corinthians x Athletico-PR. E remanejou as partidas da Copa do Brasil entre Atlético-MG e Vasco da Gama para o sábado, e Corinthians e Flamengo para o domingo.
As alegações de Flamengo e Galo faziam sentido. Ora, os dois clubes cederiam jogadores importantes para a Data Fifa (qaundo os clubes são obrigados a ceder os atletas para as Eliminatórias da Conmebol) e seriam prejudicados porque seus principais jogadores chegariam estafados para jogar estas partidas decisivas da Copa do Brasil. O Flamengo pode perder De Arrascaeta, De la Cruz, Varela, Pulgar, Gonzalo Plata e Gerson para suas seleções, enquanto o Atlético-MG deve ceder Guilherme Arana, Alan Franco e Vargas para suas seleções.
Indignados com a alteração das datas sem terem sido consultados, Corinthians e Vasco da Gama estão prometendo recorrer ao STJD (Supremo Tribunal de Justiça Desportiva) para salvaguardar seus direitos. E o Timão ainda perderá Felix Torres, Romero e Martinez para as seleções da Colômbia, Paraguai e Venezuela respectivamente.
Os dois clubes alegam que o regulamento da própria CBF proíbe a mudança de datas dos jogos sem a anuência do clube mandante. No caso, os que propuseram as alterações foram os clubes visitantes, além prejudicar a preparação de suas equipes.
Há outro componente a ser considerado nesse imbroglio. São Paulo, Fluminense, Fortaleza e Athletico-PR também podem protestar. O São Paulo cederá jogadores para outras seleções, assim como o Furacão e o Flu. Isto pode prejudicar o objetivo do Tricolor paulista em tentar chegar ao G4 para garantir uma vaga direta à Copa Libertadores da América de 2025. Em pior situação, estão Corinthians, Athletico-PR e Fluminense que lutam para escapar do rebaixamento à Série B no ano que vem. O Fluminense, por exemplo, perderá o Arias, seu principal jogador, desgastado para o clássico contra o Flamengo.
Se analisarmos com frieza, os argumentos de Flamengo e Atlético-MG fazem sentido. Afinal, os clubes que investem nos melhores jogadores devem ser punidos no momento em que mais precisam deles? Isto significa punir aqueles que procuram tornar o futebol brasileiro mais atraente.
No caso do Flamengo, particularmente, a Copa do Brasil representa a última chance de conquistar um título de expressão após ter sido eliminado na Libertadores e estar muito atrás de Botafogo, Palmeiras e Fortaleza no Brasileirão.
E essa será a primeira decisão do Flamengo com Filipe Luís como treinador da equipe principal, depois do ex-jogador da equipe aceitar ser o técnico interino depois de Tite e sua comissão técnica serem demitidos pela diretoria do Rubro-Negro carioca.
Por sua vez, Corinthians e Vasco da Gama também estão certos. Ora, como a CBF vai alterar datas às vésperas de um jogo decisivo sem consultá-los. Isto demonstra uma bagunça. E é! A CBF, a cada administração, demonstra sua falta de capacidade para gerir o futebol brasileiro.
O problema maior reside na disputa dos campeonatos estaduais, que consomem mais de três meses do calendário, fazendo com que as competições mais importantes fiquem espremidas nos últimos sete meses do ano. Assim, é natural que as datas da Conmebol (que organiza a Copa Libertaores da América e a Copa Sul-Americana) e da CBF fiquem encavaladas. Este ano, a tragédia climática ocorrida no Rio Grande do Sul obrigou a CBF a fazer uma ginástica para remarcar os jogos adiados de Internacional e Grêmio a fim de cumprir o calendário determinado.
O ano de 2025 promete. Palmeiras, Flamengo e Fluminense já estão classificados para disputar a Copa do Mundo de Clubes nos Estados Unidos nos meses de junho e julho. E outro clube brasileiro ainda pode se juntar a eles, caso Botafogo ou Atlético-MG, semifinalistas da Libertadores, conquiste o título nesta temporada.
A CBF já comunicou que não irá paralisar o Brasileirão durante o período em que essas equipes estarão disputando essa importante competição, como representantes do futebol brasileiro e sul-americano. Ou seja, elas poderão perder até nove rodadas e terão de jogar em datas alternativas para cumprir seus calendários. Mais uma vez, os mais competentes são punidos em vez de valorizados.
Eliminar a disputa dos torneios estaduais é algo fora de questão. Ora, as federações estaduais têm mais poder de voto do que os clubes. As eleições para a presidência da CBF são definidas em votação entre as federações estaduais e dos 40 clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro. Os votos das federações são os mais decisivos e têm peso três. Os votos dos 20 clubes da elite têm peso dois, e os dos 20 clubes da segunda divisão, peso um. Ao todo, são 141 pontos em disputa. Ou seja, o atual ocupante da cadeira de presidente da CBF não quer se indispor com seus “eleitores”, os presidentes das federações estaduais. Por este motivo, o calendário de 2025 seguirá os mesmos moldes do de 2024.
Como isso é irreversível, os clubes deveriam sugerir à CBF que concentre as disputas das partidas da Copa do Brasil no primeiro semestre, deixando o segundo semestre mais dedicado às outras competições.
Ou, então, os clubes deveriam tomar para si a organização dos campeonatos das Série A e B. Para isto, no entanto, deveriam criar uma liga que seria administrada de maneira profissional e contemplasse os interesses dos seus filiados. Algo igual ao que fazem a English Premier League (EPL) na Inglaterra, La Liga na Espanha, Serie A na Itália e Bundesliga na Alemanha. Nestes países são os clubes que cuidam dos campeonatos, cabendo às confederações locais cuidar somente de suas seleções.
Todavia, os egos e os privilégios defendidos pelos dirigentes têm impedido a criação da tal liga. Eles não entraram em acordo sequer em relação aos direitos de comercialização de suas marcas. Um grupo se filiou à Libra e outro à Liga Futebol Forte. A partir do ano que vem será um martírio acompanhar os jogos do Brasileirão com os direitos divididos entre várias emissoras e plataformas.
Com tanta falta de empenho em buscar um bem comum, ninguém pode reclamar quando a CBF promove este tipo de confusão. Afinal, se os clubes não conseguem se organizar, só resta mesmo partir para o confronto.
Pobre futebol brasileiro!
Palmeiras goleia Cruzeiro no Allianz Parque e ergue taça do Brasileirão Sub-20
Em um espetáculo assistido por mais de 23 mil pessoas no Allianz Parque, o Palmeiras Sub-20 goleou o Cruzeiro por 3 a 0 na noite desta segunda-feira (30) e ficou com a taça do Campeonato Brasileiro Sub-20 – as equipes haviam empatado em 2 a 2 no jogo de ida, na última semana. Os gols dos Crias da Academia foram marcados por Allan e Coutinho, duas vezes.
Na liderança da competição do início ao fim e com ampla superioridade na fase de mata-mata, o time de Lucas Andrade disputou 23 partidas, com 16 vitórias, três empates e quatro derrotas, somando 59 gols marcados e 26 sofridos. Thalys foi o artilheiro do torneio, com 15 tentos. Com a taça, a equipe está garantida na Libertadores Sub-20 de 2025.
O Palmeiras se torna o maior vencedor do Brasileirão Sub-20, com três taças. Além da conquista da segunda-feira, a equipe havia vencido em 2018, superando o Vitória na final. O bicampeonato foi conquistado em 2022, com a vitória sobre o Corinthians na grande decisão. O gol que garantiu a taça foi marcado por Endrick.
Este foi o terceiro ano consecutivo que o Verdão chegou à final do Brasileiro Sub-20, um feito inédito. Além das conquistas de 2022 e 2024, o Alviverde foi vice-campeão em 2023, após perder a decisão nos pênaltis para o Flamengo.
Veja a lista de campeões desde 2015, quando a CBF começou a organizar a competição:
Palmeiras: três títulos, em 2018, 2022 e 2024. Foi vice duas vezes
Flamengo: dois títulos, em 2019 e 2023. Foi 3º lugar três vezes e 4º duas vezes.
Internacional: um título, em 2021. Foi 3º lugar uma vez.
Fluminense: um título, em 2015. Foi 4º lugar uma vez.
Atlético-MG: um título, em 2020. Foi 4º lugar uma vez.
Botafogo: um título, em 2016.
Cruzeiro: um título, em 2017. Foi vice-campeão uma vez.