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Número de pessoas afetadas pela fome subiu para 828 milhões em 2021

Quase 3,1 bilhões de pessoas não conseguiram pagar por uma alimentação saudável em 2020, um aumento de 112 milhões ante 2019

Mesmo com grande produção de alimentos, a fome cresce no mundo (Foto: news.un.org)
Mesmo com grande produção de alimentos, a fome cresce no mundo (Foto: news.un.org)

O número de pessoas afetadas pela fome globalmente subiu para 828 milhões em 2021, um aumento de 46 milhões desde 2020 e de 150 milhões desde o início da pandemia, de acordo com recente relatório das Nações Unidas. Estima-se que entre 702 e 828 milhões de pessoas foram afetadas pela fome dois anos atrás. A estimativa é apresentada como uma faixa para refletir a incerteza adicional na coleta de dados devido à Covid-19 e restrições relacionadas.

O documento fornece novas evidências de que o mundo está se afastando ainda mais de sua meta de acabar com a fome, insegurança alimentar e má nutrição em todas as suas formas até 2030. No Brasil, a prevalência de insegurança alimentar grave em relação à população total aumentou de 1,9% (3,9 milhões) entre 2014 e 2016 para 7,3% (15,4 milhões) entre 2019 e 2021. A prevalência de insegurança alimentar moderada ou grave em relação à população total aumentou de 37,5 milhões de pessoas (18,3%) entre 2014 e 2016, para 61,3 milhões de pessoas (28,9%) entre 2019 e 2021.

A edição de 2022 do relatório “O Estado de Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo” (State of Food Security and Nutrition in the World – SOFI, no original em inglês) apresenta atualizações sobre a situação da segurança alimentar e da nutrição em todo o mundo, incluindo as últimas estimativas do custo e da acessibilidade de uma alimentação saudável. O relatório também analisa maneiras pelas quais os governos podem reformular seu apoio atual à agricultura para reduzir o custo de alimentações saudáveis, estando atentos aos recursos públicos limitados disponíveis em muitas partes do mundo.

O relatório foi publicado em conjunto hoje pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Fida), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os números pintam um quadro sombrio. Depois de permanecer relativamente inalterada desde 2015, a proporção de pessoas afetadas pela fome saltou em 2020 e continuou a subir em 2021, chegando a 9,8% da população mundial. Isso se compara com 8% em 2019 e 9,3% em 2020. Outro dado alarmante é o de que cerca de 2,3 bilhões de pessoas no mundo (29,3%) enfrentaram insegurança alimentar moderada ou severa em 2021 – 350 milhões a mais em comparação com antes da pandemia de Covid-19. Cerca de 924 milhões de pessoas (11,7% da população global) enfrentaram a insegurança alimentar em níveis severos, um aumento de 207 milhões em dois anos.

Quase 3,1 bilhões de pessoas não conseguiram pagar por uma alimentação saudável em 2020, um aumento de 112 milhões em relação a 2019, refletindo os efeitos da inflação nos preços dos alimentos ao consumidor decorrentes dos impactos econômicos da pandemia e das medidas colocadas em prática para contê-la.

Olhando para a frente, as projeções são de que cerca de 670 milhões de pessoas (8% da população mundial) ainda enfrentarão a fome em 2030 – mesmo que uma recuperação econômica global seja levada em consideração. Trata-se de um número semelhante ao de 2015, quando o objetivo de acabar com a fome, a insegurança alimentar e a má nutrição até o final desta década foi lançado sob a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

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