Presidente espera que tudo volte à normalidade em dez dias
da BBC Brasil
O forte tremor secundário que atingiu a capital do Peru na manhã desta sexta-feira reforçou o clima de medo e dificultou ainda mais a volta à normalidade na capital do país, dois dias depois do terremoto que deixou pelo menos 510 mortos.
Apesar de o presidente Alan García ter afirmado que espera que tudo se normalize no país em dez dias, a Defesa Civil já avisou que o Peru deve voltar a ser sacudido por tremores durante as próximas semanas.
Nesta sexta-feira, as crianças de Lima voltaram para às aulas, suspensas por causa do terremoto de quarta-feira, mas muitos pais se arrependeram de se separar de seus filhos.
Leia mais sobre o tremor desta sexta
“Eu não deveria ter mandado minha filha para a escola porque o tremor forte foi durante a manhã, hora em que ela está estudando. Estou arrependida”, conta a brasileira Silvia Araújo, de 38 anos, que mora no Peru há seis anos. “Já liguei para a escola e está tudo bem.”
Medo de dormir
À noite, a filha de Silvia, Elora Araújo, de nove anos, não quis se deitar. “Ela dorme normalmente às 20h30. Eram 22h30 e ela não podia dormir. Estava com medo, assustada. Ela me perguntava se o edifício poderia desabar”, diz a mãe.
A brasileira afirma que, deitada, a filha ficava achando que a cama estava se mexendo.
A jornalista peruana Erika Nakamoto também se assustou com o tremor da manhã. Ela diz que sabia que haveria tremores secundários, normais depois de um terremoto, mas não imaginou que seriam tão fortes.
“Eu levei meu pai para a área de segurança da casa e ficamos esperando passar”, revela.
O peruano César Mauricio Ramírez estava tomando café da manhã e foi diretamente ao quarto de seu filho para protegê-lo.
“Foi muito rápido desta vez. Durou menos de 20 segundos. Eu decidi não mandá-lo para o colégio. Estou com medo de que haja mais um terremoto”, afirma.
Ajuda
Em Pisco, onde instalou o governo de forma provisional para ver de perto os trabalhos de resgate, o presidente Alan García afirmou que ninguém vai morrer de sede ou fome no Peru.
García prometeu abastecer de água e alimentos os mais de 80 mil desabrigados que o terremoto deixou.
Até agora, mais de 80 toneladas de alimentos e remédios foram distribuídas na região sul do país.
As filas para receber água são grandes, e a população está cansada porque a maioria está dormindo na rua.