DA REDAÇÃO – Numa das disputas mais polarizadas da história americana, a Democrata Hillary Clinton e o Republicano Donald Trump chegam à reta final na corrida pela Casa Branca, praticamente empatados na preferência do eleitorado americano, de acordo com as últimas pesquisas.
O caminho para o Republicano prossegue, entretanto, mais difícil, já que embora praticamente empatados na preferência geral, Hillary mantém a frente nos estados que mais contribuem com delegados para o Colégio Eleitoral, que decide por fim quem vai suceder Barack Obama na presidência dos Estados Unidos.
São necessários 270 votos, dos 538 do Colégio Eleitoral, para a confirmação do vencedor. Segundo as pesquisas, no dia 3 de novembro Hillary tinha 226 votos garantidos, enquanto Trump possuía 180 certos (realpolitics.com). A diferença estava nos chamados “swing states”, estados onde tradicionalmente o eleitorado é mais dividido, e onde os resultados são menos previsíveis. Os principais swing states que ainda estavam indefinidos na quinta (3) eram Flórida (29 votos), Ohio (18 votos), North Carolina (15 votos) e Nevada (6 votos). Trump precisa ganhar em todos os swing states e ainda contar com tropeços da Democrata em estados onde ela tem vitória quase certa. Uma missão difícil, porém não impossível.
A campanha chega ao fim depois de meses de uma brutal troca de acusações entre os candidatos e uma intensa polarização entre seus partidários. Donald Trump surgiu como uma surpresa no Partido Republicano ao derrotar políticos tradicionais, como Jeb Bush, Ted Cruz, Marco Rubio e John Kasich. Com um discurso agressivo contra imigrantes e prometendo fazer a “América Grande Novamente”, Trump ganhou a preferência do eleitorado Republicano nas primárias, que o escolheu com larga margem. Sua campanha foi baseada em promessas polêmicas, como a construção de um muro entre Estados Unidos e México e a deportação sumária dos 11 milhões de imigrantes irregualares no país.
Hillary derrotou Bernie Sanders nas primárias de seu partido, numa campanha que também sofreu com polêmicas, desde a investigação do FBI a respeito do vazamento de seus emails pessoais até denúncias de irregularidades na contagem dos votos das primárias, o que trouxe prejuízo para a união do Partido Democrata em torno de sua candidatura. Bernie Sanders teve trabalho para convencer seus apoiadores da necessidade de encampar a campanha de Hillary, que afinal decolou.
As diferenças entre os candidatos só começaram a ficar mais claras a partir dos debates pela TV. Por três vezes, Hillary e Trump tiveram a oportunidade de falar ao eleitorado sobre seus planos de governo, mas desperdiçaram a possibilidade ao usarem o tempo mais para ataques pessoais do que propostas efeitivas para os problemas do país. A candidata Democrata saiu-se ligeiramente melhor nos debates, o que lhe deu uma vantagem inicial sobre o adversário. Uma série de declarações polêmicas de Trump mais tarde e Hillary ampliou a vantagem, que chegou a ser de dois dígitos poucos meses antes da eleição.
Na semana passada, entretanto, o FBI revelou uma reviravolta nas investigações a respeito dos emails de Hillary, casuando estrago na campanha da Democrata, e Trump tirou a maior parte da diferença que o separava de Hillary.
O caminho para a Casa Branca ainda é difícil para o Republicano, mas nesta última semana de campanha a possibilidade de vitória ficou mais próxima que nunca, já que os dados que chegaram durante a semana sobre os votos antecipados revelavam que grandes bases eleitorais necessárias para a vitória de Hillary mostravam baixo comparecimento às urnas. O fato acendeu uma luz amarela na campanha Democrata, que convocou seus cabos eleitorais para um esforço redobrado na convocação do eleitorado para votar, principalmente no estado da Flórida, onde a disputa estava mais acirrada.
De acordo com o sistema eleitoral americano, o voto não é obrigatório. Além do comparecimento às urnas no dia 8, o eleitor pode votar antecipadamente em determinados postos de votação e ainda requisitar uma cédula eleitoral para votar pelo correio.
O resultado das eleições deve sair na própria noite do dia 8 de novembro, quando o país finalmente conhecerá o nome de quem o governará pelos próximos quatro anos.