A quarta rodada do Brasileirão foi agitada, para o bem e para o mal: goleadas, queda de técnico, golaços, vitória histórica e Neymar mais uma vez contundido, naquele que parece ser mais um dos capítulos derradeiros da carreira esportiva do craque brasileiro. Em termos de pontuação, e como já era esperado, Flamengo e Palmeiras já começam a se descolar do restante do grupo. A dupla vem sendo protagonista de todas as competições nos últimos anos, e não há motivos para pensar que em 2025 será diferente.
Foi do líder Flamengo, aliás, a maior goleada até agora no campeonato. Cerca de 30 mil pessoas estavam no Maracanã “vazio” (para os padrões do rubro-negro) e testemunharam o 6 a 0 sobre o Juventude, que marcou o reencontro do atacante Pedro com as redes. Os torcedores não se arrependeram e ainda aproveitaram para protestar contra o preço dos ingressos. Fora de casa, o Palmeiras colocou um ponto final na invencibilidade de 17 de jogos do Internacional: 1 a 0 no Beira-Rio.
Para completar a rodada terrível para os times gaúchos, o Grêmio foi derrotado pelo Mirassol e demitiu o técnico argentino Gustavo Quinteros, que já vinha na corda bamba há algumas semanas. E tudo isso numa semana importante, pois o próximo domingo é dia de Gre-Nal. Do lado vencedor, o 4 a 1 foi histórico, pois marcou a primeira vitória do estreante Mirassol na série A.
Mas o grande assunto da rodada (negativo, é verdade) foi a nova contusão de Neymar. O craque brasileiro começou o duelo contra o Atlético-MG como titular, mas não ficou em campo sequer o primeiro tempo inteiro, até sentir a velha lesão muscular na coxa esquerda. Saiu carregado, chorando, pois sabe que o problema pode significar um longo afastamento dos gramados, como acontece há três anos, desde os tempos no PSG, passando pelo futebol árabe, e agora no Brasil. A regularidade não tem sido companheira do jogador, que desde 2022 não disputou sequer 30 partidas.
A mídia, é claro, repercutiu o caso. “Um calvário infinito”, colocou em sua manchete o diário italiano La Gazzetta dello Sport; “De mal a pior”, cravou o jornal As, da Espanha. Nunca é demais lembrar que Neymar tem contrato com o Santos apenas até junho. Ele jamais escondeu que seu objetivo com o retorno ao Brasil era buscar sequência de jogos para retornar à Seleção Brasileira e, com isso, pavimentar o caminho de volta para um liga europeia. Nem uma coisa, nem outra. O que ele conseguiu foi comprovar que o futebol moderno, de alto nível e muita intensidade, exige comprometimento por parte dos atletas, tanto na parte física quanto mental. Neymar não parece disposto a este tipo de disciplina e não seria exagero afirmar que sua carreira está perto do fim, aos 33 anos de idade. Que tal terminar o texto de forma mais positiva? Então aí vão dois destaques – a excelente média de público, que é a maior da história do campeonato, e os belos gols desta quarta rodada. Savarino (Botafogo), Renê (Fluminense), Ferreirinha (São Paulo), Arrascaeta (Flamengo) e Daniel Borges (Mirassol) mostraram por que o Brasileirão ainda é o melhor do mundo.
Champions League: definidos os semifinalistas
Estão definidos os semifinalistas da Champions League – e eles são de quatro países diferentes, o que não acontecia há sete anos. O Barcelona da Espanha terá pela frente o time italiano da Internazionale de Milão, enquanto os ingleses do Arsenal enfrentam o PSG, que este mês já faturou o campeonato francês. A final da principal competição do Velho Continente está marcada para o dia 31 de maio, em Munique (Alemanha), com direito a show da banda de rock norte-americana Linkin Park no intervalo.
As datas das semifinais já estão definidas e acontecerão nos dias 29 e 30 de abril (jogos de ida) e 6 e 7 de maio (jogos de volta), com Inter e PSG decidindo o mata-mata em casa. Os quatro clubes sonham não apenas com a taça (conhecida como “Orelhuda”, pelo seu formato), mas também com o prêmio recorde para o vencedor da Champions este ano: nada menos do que 25 milhões de euros, ou mais de $28 milhões.
A maior surpresa da quartas de finais foi a eliminação do todo-poderoso e atual campeão do torneio, Real Madrid, que não resistiu à obediência tática do Arsenal nos dois confrontos desta fase, principalmente em pleno Santiago Bernabéu. Já a Internazionale segurou o empate em casa contra o Bayern para carimbar sua vaga. Nos outros jogos da volta, Barcelona e PSG foram derrotados por Borussia e Aston Villa, respectivamente, mas levaram vantagem no agregado.
Pela opinião dos jornalistas europeus especializados em futebol, este ano a disputa é a mais equilibrada da história recente. Poucos deles arriscaram seus palpites sobre quem vai levar a “Orelhuda” para a sala de troféus, mas alguns admitem uma ligeira vantagem das equipes mais acostumadas a estas conquistas… Barcelona (cinco) e Inter (três) já têm o título que Arsenal e PSG ainda perseguem.
COLABORAÇÃO / No Ângulo do Gol / Leonardo Macedo @noangulodogol
Caso Bruno Henrique lança dúvidas sobre domínio das casas de apostas no futebol
A notícia que surpreendeu a praticamente todos no futebol brasileiro e que foi manchete até em diários esportivos na mídia internacional: Bruno Henrique foi indiciado pela Polícia Federal por envolvimento em apostas que consistiam em uma forçação de um cartão amarelo para favorecer familiares. As primeiras notícias sobre o caso surgiram em novembro de 2024, com a investigação em curso a partir de um relatório emitido pela IBIA (International Betting Integrity Association), que, baseada em informações advindas das casas de apostas KTO, Betano e GaleraBet, detectaram um volume suspeito de apostas na partida entre Flamengo e Santos, válida pelo segundo turno do Brasileirão de 2023.
Nesta semana, Bruno Henrique e seu irmão, Wander, foram indiciados pela PF por estelionato e no artigo 200, que trata de fraudes de resultados. De acordo com o Metrópoles, a PF apreendeu os celulares de ambos. No de Wander, encontraram conversas de 29 de agosto, onde Bruno informou que levaria o cartão contra o Santos, e seu irmão dizendo logo após que se aproveitaria disso via aposta.
É uma situação lamentável, que certamente influencia psicologicamente no bem-estar do atleta. O Ministério Público deverá oferecer uma denúncia nos próximos dias, e até que o caso tenha um total desfecho, seja para o bem ou o mal, Bruno viverá um inferno astral. Se tudo der errado, o jogador estará sujeito a suspensões, banimento do futebol (o mesmo risco que corre Lucas Paquetá), e na esfera criminal, a anos de prisão.
Segundo a lei, o indivíduo tem a “presunção de inocência” enquanto não houver um julgamento que, ao seu fim, o decrete como culpado. Embora as conversas indiquem que algo gravíssimo possa ter ocorrido, não se deve ou pode ser leviano enquanto o veredito final não chegar. Simultaneamente, não se pode pensar em graus elevados de ingenuidade por parte de Bruno. Pelo contrário. Ele já se envolveu em algumas polêmicas em campo, como tentativas de cavar penalidades, pedir escanteio em claro lance de tiro de meta, e fora dele, com uma acusação de falsidade ideológica no que se refere à uma carteira de habilitação em 2020 (caso indefinido). Além do mais, por que pôr em risco uma carreira e a sua integridade como ser humano por valores que, se comparados ao seu salário, são totalmente irrisórios?
O caso da aposta é algo extremamente sério e não pode ser tratado com indiferença ou como brincadeira. Cogitemos que a moda pegue. O que seria do esporte? Quem gostaria de acompanhar algo corrompido por atitudes indevidas de quem deveria protagonizar o espetáculo? Que seja aplicada a lei em caso de culpa, com isso no caso servindo de exemplo para outros jogadores. E que haja uma educação sobre o tema da manipulação em meio a um mundo onde as casas de apostas dominam o ambiente esportivo. O que nos resta é aguardarmos os próximos capítulos.