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Nota de falecimento: Howard Moss (1947 – 2015)

Howard Moss (1947-2015). Foto: Facebook

Por Chico Moura*

No início dos anos 1980, uma cantora americana me levou para conhecer um baterista no Lobo’s, uma casa de jazz na Biscayne Boulevard, perto do antigo Hotel Omni. Para quem não sabe, o “overtown” de Miami era o paraíso do jazz, nos anos 50 e 60.

Quando eu disse que era brasileiro, o músico ficou radiante, anunciando que na próxima semana iria (como fotógrafo/jornalista) cobrir um Festival de Cinema Internacional no Hotel Nacional do Rio de Janeiro. Marcamos de nos encontrar mas, por ironia do destino, não aconteceu. Na semana seguinte um amigo passou pela minha casa e me ofereceu uma passagem de ida e volta ao Brasil.

Quando cheguei no aeroporto de Miami quem eu encontro? O tal músico, acompanhado de duas jornalistas. Viajamos os quatro no mesmo avião. Minha mãe conseguiu um apartamento no Leme (de frente pro mar), onde ficamos todos hospedados.

Na noite seguinte, após um dia no festival de cinema viramos  noite no Jazzmania… Dia seguinte fomos ao People Down (no Leblon), onde pedi ao Robertinho Silva que deixasse Howard Moss, baterista, fotógrafo, jornalista e mergulhador profissional dar uma canja. Robertinho entregou as baquetas e a noite não acabou… O amigo Luizinho Eça também pediu canja no Chico’s Bar… E quando Marcio Montarroyos tocou com Moss aí é que ninguém dormiu.

Moss não ficou dez dias no Rio de Janeiro, ficou dez noites. Eu voltei para Miami com as outras duas jornalistas (Polita e Betsy), e ainda no avião elas me convenceram a criar um jornal em Miami.  Assim, foi criado o Brazil Review, um jornal totalmente em inglês promovendo a arte do Brasil nos EUA. Howard Moss tornou-se então meu eterno amigo e companheiro, entrevistando para o jornal Laurindo de Almeida, Tânia Maria, Sergio Mendes, Flora, Airto e tantos outros. A partir daquele momento Moss pensou em morar no Brasil. Vivia intensamente tudo o que era relacionado ao Brasil. Eu particularmente nunca vi um americano tão apaixonado pelo nosso país.

Pouco tempo depois do Brazil Review, nasceu  Khristopher Moss – no mesmo dia que criei o Florida Review, o primeiro jornal em português no Estado da Flórida. Um ano depois publiquei na capa do jornal a foto de Khris dando o seu primeiro passo, com a manchete: “Já podemos caminhar sozinhos”.

Esta semana fui à sua casa para comprar alguma peças (centenas de instrumentos musicais de todo o mundo) para dar uma força nos custos do funeral. Este é o terceiro amigo que perdemos este ano aqui em Miami: João Pereira, Fábio Ruschell e agora Howard Moss.

*Jornalista

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