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Nobel de Economia minimiza crise brasileira: ‘pessoas estão exagerando’

Economista americano Paul Krugman considera que país já viveu momentos piores em sua história econômica e credita turbulência à política, à qual se refere como "uma bagunça"

DA REDAÇÃO, com Folha de S.Paulo – Dono de um prêmio Nobel de Economia, o americano Paul Krugman concedeu entrevista à Folha de S.Paulo. publicada no domingo (19), em que fala sobre os impactos que o esperado aumento nas taxas de juros pelo Federal Reserve americano pode ter nas economias mundiais. No papo, o economista comenta ainda o cenário da economia no planeta e fala sobre a crise brasileira -a qual ele não considera gravíssima e chega a dizer que há um exagero por parte do mercado.

Leia a seguir trechos da entrevista.

Sobre o aumento das taxas pelo Fed
“Eu acho que eles não vão agir até algum momento do ano que vem. O cenário necessário para a alta de juros simplesmente não existe agora. Não ficaria surpreso se levasse muito mais tempo do que todos esperam. Dada a fraqueza da economia global, pode ser que uma boa parte do ano se passe sem que haja um aumento, talvez até mais que isso. Em um ano, se a economia estiver pior do que se imaginou, você vai ficar feliz de ter elevado os juros? Não, vai estar arrependido. Se a economia estiver mais forte, terá a oportunidade de elevar os juros mais à frente. Ninguém consegue dar uma razão sólida, baseada na teoria econômica e nos dados, para elevar os juros. A verdade é que parece que esse argumento faz sentido, mas não faz nenhum.”

Sobre o impacto de uma nova taxa nos emergentes
“O impacto será provavelmente maior do que as pessoas, ou o Fed, pensam. Mesmo que o aumento seja só de 0,25 ponto percentual, ele será um sinal de que o Fed é mais ‘hawkish’ `agressivo` do que o mercado acredita. O que vemos agora nos mercados emergentes é uma versão menor do que o que aconteceu no fim dos anos 1990: perda de confiança dos investidores, queda no preço das commodities e problemas nos resultados financeiros corporativos, dada a quantidade substancial de dívidas atreladas ao dólar. E uma valorização da moeda norte-americana `em decorrência do aumento dos juros` exacerbaria isso. Não acho que vá ser uma catástrofe, mas haverá aumento significativo do estresse.”

Sobre a crise no Brasil
“Apesar de o Brasil estar obviamente uma bagunça, do ponto de vista político, e mesmo que a economia tenha sofrido um retrocesso perto de todo aquele otimismo de alguns anos atrás, os fundamentos econômicos do país não chegam nem perto de estar tão ruins quanto em episódios anteriores. A situação fiscal não é desesperadora e o país está longe de um momento em que precisaria imprimir dinheiro para pagar suas contas. A taxa de câmbio está alta, mas nada perto dos níveis que associamos a crises graves. Houve, sim, impacto da queda nos preços das commodities, e isso é significativo. Mas o Brasil de 2015 não é a Argentina em 2001. É um problema, é desagradável e um pouco humilhante se ver nesta situação de novo. Mas as pessoas estão exagerando.”

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