DA REDAÇÃO, COM O GLOBO – O magnata e rei da polêmica Donald Trump tem um sócio brasileiro, Paulo Figueiredo Filho que é neto do ex-presidente João Figueiredo (1918-1999), o último presidente do regime militar brasileiro. Juntos, os dois estão erguendo o Trump Hotel Rio que será inaugurado em 30 de março, numa área de três mil metros quadrados, na Praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Além do mais luxuoso do Brasil, será um dos mais caros: para as Olimpíadas, todos os 170 quartos do Trump Hotel já estão reservados, e a suíte presidencial será ocupada por um empresário chinês que pagou $1 milhão por 22 dias.
“Eu acho que o Brasil vai continuar em depressão profunda no ano que vem, mas o segredo de uma crise é você explorar as oportunidades. No setor hoteleiro, a alta do dólar é benéfica. Cerca de 60% dos meus hóspedes serão estrangeiros, dispostos a pagar uma diária de $400, $500, no mínimo — diz Figueiredo.
Com o anúncio formal da candidatura de Trump à presidência americana, em junho, a fama de Figueiredo aumentou e, em agosto, ele teve seu perfil retratado pelo “New York Times”. O jornal tentou opor o sócio brasileiro aos comentários de Trump contra a intensa imigração latina nos EUA. Mas ele não só o defendeu, como compartilha de muitas de suas ideias. Seus posts no Facebook — onde condena o aborto, defende a liberação da posse de armas e chama as feministas de “feminazis” — são controversos, mas chegam a ganhar mais de mil curtidas. Recentemente, ele escreveu que muita gente gosta de seu discurso, mas não curtem para não entrar em polêmica. E sentenciou: “Só penso uma coisa: seu bundão!”
“Aquele jornalista do “New York Times” não passa mais da porta do meu escritório. Ele construiu uma reportagem distorcida. O “New York Times” é um jornal muito ruim, de extrema esquerda — reclamou Figueiredo, que mesmo assim emoldurou a página do jornal americano, ao lado de um quadro da capa da revista “Rolling Stone” com a foto de Trump. — Eu guardo as matérias ruins também. Aceito que o jornalista fale o que quiser, desde que seja correto. Mas todos os jornais têm uma tendência de esquerda muito forte. No Brasil mesmo, não há um jornal de direita. O Globo é de esquerda”, sentenciou.
Foi em 2012, num clube de golfe em West Palm Beach, na Flórida, que o carioca conheceu seu mais ilustre sócio. Figueiredo almoçava com Ivanka Trump, a filha do magnata Republicano candidato às eleições presidenciais americanas. Trump chegou ao clube de helicóptero e foi apresentado pela filha a Figueiredo de um jeito bem direto: “O avô do Paulo foi presidente do Brasil, e ele também é bem conservador”.
Aos 33 anos, ex-assessor especial do prefeito Eduardo Paes, entre 2009 e 2010, e empresário do mercado imobiliário, Figueiredo é jovial e brincalhão, mas não esconde suas posições políticas e nem economiza nas palavras para expô-las. Em uma hora e meia de entrevista, ele chamou Dilma Rousseff de “jumenta” e Aécio Neves de “bunda-mole”. Disse que os movimentos de minorias “precisam ser massacrados”, que universidades e jornais do mundo foram ocupados pela esquerda por ação da KGB e que a “era dos moderados chegou ao fim”.
Figueiredo estudou comunicação, economia e filosofia. Ele tem uma filha de seis meses nascida nos EUA, é casado há sete e se declara protestante. Nas últimas eleições, votou em Aécio Neves, sem convicção. Na próxima, espera votar em Paes.