Nem Galego já escreveu mais de três mil músicas e prepara agora o terceiro CD e um livro com suas melhores letras
Por Carlos Wesley
Pode-se dizer que Nem Galego começou a compor antes mesmo de aprender a ler e escrever. Aos 14 anos de idade, ainda iletrado, costumava guardar na memória as letras de músicas que preparava, influenciado pelos shows de músicos da sua cidade, no interior da Bahia. Um deles, Clauduarte Sá, também aqui de Broward, é considerado seu padrinho na arte pelo incentivo que deu à carreira do amigo, algum tempo depois. “Na época eu tinha vergonha de falar que escrevia músicas, mas como o Clauduarte tinha gostado, passei a acreditar no meu potencial”, disse Nem.
A aposta mostrou-se certa ao vencer a categoria de melhor letra de um tradicional festival de música no Espírito Santo, em 1985, concorrendo com outras 2.500 canções. Depois disso, foi escolhido o melhor artista da sua cidade naquele ano e não parou mais de compor. O talento está no sangue: ele é primo de Eduardo Araújo, um dos ídolos da Jovem Guarda.
Em seus trabalhos, Nem Galego produz o que ele chama de mistura de MPB com a música regional do interior do Brasil. Dono de uma criatividade pouco comercial, ele não costuma se apresentar em barzinhos e restaurantes da comunidade, mas é presença constante nas Terças Culturais, projeto que reúne artistas da região. “Se a arte é uma loucura, então quero ser louco”, costuma brincar o músico.
Ex-vaqueiro
Nem GalegoEle chegou na América há sete anos, depois de uma temporada em Portugal. Antes disso, era vaqueiro. E no período que esteve no exterior, Nem Galego conseguiu juntar dinheiro, trabalhando sempre na construção civil, para comprar uma boa fazenda em sua cidade natal, com umas 120 cabeças de gado. E é para lá que o artista vai voltar ainda no primeiro semestre de 2008. “Acho que encerrei meu ciclo por aqui””, acredita. No dia do retorno ao Brasil, prometeu entrar no avião de joelhos, como forma de agradecimento a tudo o que viveu nos Estados Unidos.
Uma das experiências mais marcantes aqui foi a batalha contra um câncer, vencida com muita força de vontade e tratamento pesado por seis meses. “Deus sempre foi muito bom para mim e não posso reclamar de nada”, afirma Nem, hoje com 43 anos. No Brasil, pretende “viver da música, sem precisar dela”. Isso significa, segundo ele, poucas apresentações em centros culturais e muito contato com a natureza em sua fazenda, que já lhe garante um rendimento mensal considerável.
Um dos sonhos, porém, é que suas músicas sejam cantadas por grandes artistas brasileiros.
“Quem sabe o Fagner, Geraldo Azevedo ou o Alceu Valença não se interessam pelas minhas letras”, torce o baiano. Boa sorte Nem!