Ela foi presa aos nove meses de gravidez, mas agora quer ficar com o bebê no país
Uma brasileira residente de Berlim, na Alemanha, está vivendo um pesadelo naquele país. Ela enfrenta hoje o que acredita ser preconceito das autoridades européias, pois foi presa, grávida de nove meses, por estar ilegal, apesar da documentação na qual o pai do bebê (um alemão) assumia a paternidade. Isso aconteceu em janeiro de 2008 e, agora, já com o filho, quer evitar o processo de deportação. A criança sequer recebeu os direitos de cidadão da comunidade européia.
“O que governo está fazendo com ela é errado. A lei alemã diz que se a criança é filha de pai ou mãe alemão, ela é cidadã alemã”, afirmou o advogado, Manfred Nassarke, contratado pela família para cuidar do caso. A mulher sempre manifestou o desejo de criar seu filho ao lado do pai do bebê, mas sempre enfrentou dificuldades. “Telefonamos várias vezes antes de ela ser solta pedindo esclarecimentos sobre o caso, que nos chamou a atenção devido a seu caráter humanitário. Creio que nosso interesse e a repercussão do caso ajudaram na sua libertação”, explicou Fernanda Lamego, chefe do Setor Consular da Embaixada do Brasil em Berlim.
A prisão também foi traumática: seis policiais alemães bateram na porta da casa da brasileira, num bairro nos arredores de Berlim, e a levaram para a cadeia, apesar dos argumentos de que o seu estado de saúde era delicado em virtude da gravidez de risco. “Fiquei numa cela separada das demais detentas e algumas eram imigrantes, mas não brasileiras. Outras presas deviam estar lá por problemas muito sérios, pois estavam condenadas a anos prisão”, lembra a mulher, conforme publicado numa entrevista na imprensa.
Ela só foi solta uma semana depois de ter sido levada para a carceragem, graças à ajuda do pai da criança, um jornalista, que conseguiu a liberação na Justiça. Provavelmente o estresse vivido durante aquela semana obrigou a brasileira a ser internada de emergência e a criança acabou nascendo dias depois com um grave problema de saúde – e a mãe foi obrigada a ser operada dias após o parto.
Permissão de trabalho
E o caso ainda permanece complicado. A brasileira recebeu um visto que dá permissão de trabalho e só tem validade de seis meses. “Com ele, não consigo alugar apartamento. Estou vivendo onde eu morava antes da gravidez, pois o dono me conhece, mas aqui é muito pequeno para mim e para o bebê. Só que ninguém aluga apartamento por mais de seis meses para pessoas que têm esse visto. Estou aqui como uma turista”, desabafa. E a criança não tem recebido os benefícios básicos garantidos por lei, nem a família está recebendo ajuda financeira do governo, como outras mães recebem na mesma situação. “Ela não pode ser mandada de volta para o Brasil porque quero que meu filho cresça perto de mim”, argumenta o pai do bebê.
Na Alemanha, de acordo com dados oficiais do Itamaraty, há 34.039 mil brasileiros residindo legalmente, mas pelo menos outros 30 mil estariam no país de forma irregular.