Histórico

Milhares de iraquianos pedem saída dos EUA

Da Agência Estado

Centenas de milhares de iraquianos, muitos envoltos na bandeira do Iraque, promoveram passeatas pelas ruas de duas cidades sagradas xiitas para marcar o quarto aniversário da queda de Bagdá, e pedindo a saída das forças dos Estados Unidos do país.

A manifestação foi convocada pelo clérigo radical antiamericano Muqtada al-Sadr, que ontem havia divulgado um comunicado pedindo aos iraquianos para pararem de lutar entre si e passarem a concentrar suas forças contra as tropas americanas, e convocando o Exército e a polícia iraquianos a se juntar a ele contra “nosso arquiinimigo”.

Al-Sadr não participou do protesto de hoje, e não tem aparecido em público há meses.

Hoje, dezenas de milhares de manifestantes fizeram uma marcha de Kufa até a vizinha Najaf, 160 km ao sul de Bagdá, sendo ladeados por dois cordões de policiais iraquianos.

Alguns agitavam pequenas bandeiras iraquianas; outros mantinham no ar uma gigantesca bandeira de 10 metros. Panfletos sendo distribuídos diziam: “Sim, Sim ao Iraque” e “Sim, Sim a Muqtada. Ocupantes devem deixar o Iraque”.

Em uma faixa lia-se: “Irmãos sunitas e xiitas, este país não será vendido”. Em outra, “Morte aos EUA”.

“O inimigo ocupando nosso país está agora visando a dignidade do povo iraquiano”, afirmou o deputado Nassar al-Rubaie, líder do bloco parlamentar de al-Sadr, enquanto marchava. “Depois de quatro anos de ocupação, temos centenas de milhares de pessoas mortas e feridas”.

Para um líder da organização de al-Sadr em Najaf, Salah al-Obaydi, a marcha foi um “chamado à libertação”.

“Esperamos que no próximo aniversário seremos um Iraque independente e libertado com plena soberania”, disse.

Soldados iraquianos em uniforme uniram-se à manifestação, liderada por uma dúzia de clérigos com turbantes – incluindo um sunita.

Trinta integrantes do Partido Islâmico Iraquiano, um grupo sunita, viajaram centenas de quilômetros de Basra para Najaf a fim de participar da manifestação.

“Viemos nos unir a nossos irmãos do bloco de al-Sadr, para rejeitar a ocupação. Pedimos aos americanos e às outras forças multinacionais para retirarem-se do Iraque”, pediu o xeque sunita Alla Nasir.

A manifestação foi pacífica, e terminou sem incidentes depois de umas três horas. Foi proibida a circulação de carros por 24 horas em Najaf a partir das 8 da noite de domingo. Os ônibus trazendo manifestantes estacionaram na entrada da cidade.

O porta-voz militar dos EUA coronel Steven Boylan elogiou a natureza pacífica do protesto, e frisou que os iraquianos “não poderiam ter feito isso quatro anos atrás”, sob o regime de Saddam Hussein.

A segurança foi reforçada em todo o Iraque hoje, com a proibição de circulação de veículos em Bagdá durante todo o dia. O governo voltou a declarar hoje feriado, apenas um dia depois de decretar que o 9 de abril não mais seria um dia de descanso.

A manifestação de hoje marcou os quatro anos desde que fuzileiros navais dos EUA entraram na capital 20 dias depois do início da invasão americana.

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