Histórico

Milhares de imigrantes vivem duplamente indocumentados nos Estados Unidos

A reforma imigratória pode deixar de fora milhares de indocumentados por não terem nenhum documento de identidade

Se o Congresso aprovar a reforma imigratória e o presidente Barack Obama promulgá-la, milhares ou talvez milhões de indocumentados serão presos e deportados porque não têm como demonstrar que possuem identidade.

Dos 11 milhões de indocumentados que vivem no país ninguém sabe quantos se encontram no limbo. No final de junho, o governo do México reconheceu que eram milhares, e na semana passada somaram-se à lista milhares de guatemaltecos que teriam de recorrer a seus respectivos governos para que obtenham uma certidão de nascimento, uma carteira de identidade ou um passaporte.

O alarme foi dado pela Coalizão de Imigrantes Guatemaltecos (Conague). Dirigentes desta organização baseada nos EUA se reuniram com o presidente Otto Pérez Molina para pedir que ele suspenda o cancelamento das antigas carteiras de identidade e postergue a entrada em vigor das novas carteiras.

O motivo é para que seja dado tempo para que o Congresso em Washington aprove a reforma imigratória e permita que milhares de compatriotas, que vivem indocumentados nos Estados Unidos, tenham como se identificar perante as autoridades do Departamento de Segurança Nacional (DHS).

Pediram também ao mandatário guatemalteco que convoque uma reunião de cúpula de mandatários da América Latina para falar sobre a situação imigratória de seus compatriotas, e chamar a atenção dos Estados Unidos sobre a necessidade de se aprovar uma reforma imigratória integral.

As antigas carteiras de identidade, vigentes há 82 anos, foram invalidadas a partir de 1º de agosto pela Corte de Constitucionalidade e substituídas pelo chamado Documento Pessoal de Identificação (DPI).
Também mexicanos

Assim como os guatemaltecos, milhares de mexicanos indocumentados vivem uma situação similar: não têm certidão de nascimento, nem carteira de identidade nem passaporte. São indocumentados em seu país de origem e também nos Estados Unidos.

Carlos Sada Solana, cônsul geral do México em New York, explicou que seu governo lançou um programa com o objetivo de identificá-los por meio de um passaporte.

“O estado de Oaxaca levou algumas semanas atrás a New York e Pensilvânia pessoal do setor de registro civil, ou seja o órgão encarregado de processar certidões de nascimento para que, aqueles que não podem viajar para seu país, possam fazer isto aqui mesmo”, explicou.

“Não podemos ignorar que aqui há mais de um milhão de oaxaquenhos que de alguma maneira têm de procurar vínculos, como são os consulados para aproximá-los dos serviços”, disse Aide Reyes Soto, diretora de Registro Civil de Oaxaca.

Estima-se que 30 por cento dos mexicanos indocumentados neste país não tenham um registro de nascimento, e sem isto não podem processar nenhum documento de identidade, algo que lhes seria indispensável se for aprovada a reforma imigratória, destacam as autoridades consulares mexicanas.

Como estes documentos não são expedidos nos consulados mexicanos, muitos imigrantes contratam advogados ou agências que oferecem o serviço. Mas, na maioria das vezes, disse Reyes, diretora deste registro civil, eles conseguem certidões falsas e cobram quantias exorbitantes.

Este é mais um dos problemas que milhares de indocumentados precisam resolver para sair das sombras se o Congresso permitir um caminho para a cidadania.

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