DA REDAÇÃO (com Estadão) – O presidente da República em exercício, Michel Temer, anunciou, na quinta-feira (12), a equipe de ministros de seu governo. Entre eles, alguns nomes também são alvos da Operação Lava Jato contra a corrupção na Petrobras. Passam a integrar o primeiro escalão do novo governo o senador Romero Jucá (RR), que assume o Planejamento; o ex-deputado Henrique Eduardo Alves (RN),que volta ao comando do Turismo; e o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima (BA), que assumirá a Secretaria de Governo. Os dois últimos passam a ter o chamado “foro privilegiado” e, agora, só podem ser investigados perante Supremo Tribunal Federal (STF).
Antes da decisão sobre o afastamento de Dilma Rousseff, Temer havia anunciado a montagem de um ministério de “notáveis”. Ele disse publicamente que o fato de ser investigado não seria impeditivo para a nomeação de seus auxiliares.
Um dos principais aliados de Temer, com atuação importante na negociação dos votos do impeachment, Jucá é investigado no Supremo por suposto recebimento de dinheiro desviado da Petrobrás e do setor elétrico. Um inquérito apura se ele cometeu crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
A apuração começou a partir dos depoimentos de delatores dos esquemas, entre eles o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa. Em depoimento, Costa afirmou que negociou com Jucá e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), apoio à sua permanência no cargo em troca de propinas ao partido.
Recentemente, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a abertura de novas linhas de investigação contra Jucá e outros integrantes da cúpula do PMDB por possível envolvimento em desvio de recursos das obras da Hidrelétrica de Belo Monte e outros projetos do Ministério de Minas e Energia. A suposta participação do agora ministro foi citada na colaboração do ex-senador Delcídio Amaral (sem partido, ex-PT-MS).
O STF também autorizou inquérito para avaliar indícios de que um grupo de lobistas pagou R$ 15 milhões em propina ao senador, em troca de favorecimento na tramitação de medidas provisórias de interesse do setor automotivo. As informações foram anotadas no diário de um dos investigados na Operação Zelotes e confirmadas por ele em depoimento.
Prioridade a projetos sociais
Michel Temer afirmou nesta quinta-feira (12), em seu primeiro pronunciamento como substituto de Dilma Rousseff no comando do Palácio do Planalto, que irá manter os programas sociais da gestão petista – como Bolsa Família, Pronatec e Minha Casa, Minha Vida –, irá aprimorar a gestão da máquina pública e promoverá reformas sem mexer em direitos adquiridos.
“Reafirmo, e faço em letras garrafais, vamos manter os programas sociais. O Bolsa Família, o Pronatec, o Fies, o Prouni, o Minha Casa, Minha Vida, entre outros, são projetos que deram certo e terão sua gestão aprimorada. Aliás, mais do que nunca, precisamos acabar com um hábito no Brasil em que, assumindo outrem o governo, você destrói o que foi feito. Ao contrário, você tem que prestigiar aquilo que deu certo, complementá-los, aprimorá-los”, discursou Temer.
Temer também afirmou que, além de melhorar o ambiente de negócios no país para o setor privado, para produzir e gerar emprego, é necessário restaurar as contas públicas.
Segundo ele, o corte de ministérios já feito em seu governo é parte das medidas de reequilíbrio fiscal.
“De imediato, precisamos também restaurar o equilíbrio das contas públicas, trazendo a evolução do envidividamento do setor público de volta ao patamar de sustentabilidade. Quanto mais cedo formos capazes de reequelibrar as contas públcaas, mais rápido consehuiremos retomar o crescimento”, declarou.