Dwayne Wade, LeBron James e Chris Bosh, os novos três reis magos do Sul da Flórida
Por Stefano Tozzi
Com a poeira assentando no verão de LeBron James, podemos olhar para trás e vermos como e porque os fatos tomaram este rumo. LeBron James era sem dúvida a “jóia da coroa” entre os mais cobiçados free agents. O mercado de agentes livres de contratos costumava ser um meio e não um fim para os times da NBA montarem seu plantel. Na verdade, nem costumava ser a atividade mais importante para montagem do elenco fora da temporada oficial da NBA, privilégio reservado ao draft (seleção) da NBA .
Mas o verão de 2010 transformou-se num momento histórico da NBA devido à alta categoria dos jogadores disponíveis no mercado. Isto não apenas tirou as atenções do draft como também causou um alvoroço em um punhado de franquias da NBA que colocaram seus futuros em risco na tentativa de pagar as estrelas de 2010. Porém, o que fez de 2010 uma época realmente especial não foi só a disponibilidade de LeBron James, duas vezes MVP (Jogador Mais Valioso) da NBA, mas a abundância de talentos sem precedentes, que incluiu Dwyane Wade, Chris Bosh, Dirk Nowitzki, Paul Pierce, David Lee, Rudy Gay, Ray Allen, Carlos Boozer, Amar’e Stoudemire, Joe Johnson e muitos outros.
De todas as equipes que apostaram seu futuro no mercado de agentes livres de 2010 a sorte sorriu mesmo para o Miami Heat, que emergiu do caos para uma retumbante vitória na disputa pelos agentes livres. Com uma jogada que certamente fará de Pat Riley, presidente do Heat, um forte candidato a Executivo do Ano, o Heat atraiu LeBron James e Chris Bosh e reassinou com Dwyane Wade, o que logo transformou o Miami Heat num dos principais favoritos ao título desta temporada da NBA, por ter arrebanhado 3/5 dos titulares do time que jogou o All Star pela Conferência Leste.
Uma série de eventos culminou para criar esta confluência de astros sob o ponto de vista do Miami Heat, e a primeira semente foi plantada no verão de 2006 quando James, Wade e Bosh assinaram idênticas extensões de contratos de três anos sobre seus acordos de novatos em vez de confirmarem os contratos mais lucrativos de longo prazo que as respectivas equipes ofereceram aos jovens astros. O pensamento era ter a opção de sair de seus contratos, assim eles seriam capazes de assinar acordos de longo prazo sob os parâmetros do atual Acordo Coletivo de Negociação (CBA, na sigla em inglês), que expira depois da temporada 2010-2011, e é bastante favorável aos jogadores.
Embora as novas regras da CBA que deverão entrar em vigor no próximo ano sejam mais amigáveis para os donos das franquias, eles precisam ser salvos de suas próprias irresponsabilidades, como é o caso de Mark Cuban, dono do Dallas Mavericks, que concordou em pagar US$55 milhões de contrato para um jogador medíocre como Brendan Haywood. O comissário David Stern e os próprios donos querem mais responsabillidade financeira e a NBPA (o sindicato dos jogadores da NBA) quer que tudo se mantenha como antes.
Entretanto, nada disto parece aborrecer o Heat, seus dirigentes e torcedores. A arma secreta do Miami Heat no mercado de agentes livres foi a super estrela Dwyane Wade. Por ser amigo pessoal de Bosh e de James, convenceu os outros dois a juntar forças com ele em Miami, cumprindo um pacto feito em 2008 durante os Jogos Olímpicos de Pequim de que um dia os três jogariam juntos num clube da liga; e os movimento obsessivos de Riley em cortar cap (dinheiro disponível para pagamento de jogadores) após a conquista do título de 2006 culminou com a controversa troca do pivô Shaquille O’Neal em 2008.
Apenas o armador Mario Chalmers permaneceu no time sob o mesmo contrato, assinado na temporada 2009-2010. Wade e Udonis Haslem retornam ao clube, com novos acordos assinados. Em suma, os temores dos jogadores com as novas regras da CBA, o relacionamento pessoal de Wade, Bosh, e James combinado com o desejo de ganhar um campeonato da NBA e todo o dinheiro à disposição do Miami Heat foram capazes de abrir espaço para permitir que o Heat em 2010 formasse um respeitável trio que tem potencial para se tornar uma dinastia e também dá à franquia o status da mais nova vilã da NBA ao mesmo tempo em que embarca numa temporada 2010-2011 que promete ser bastante interessante.
