Por: Érica Souza
Hoje eu vi fotos que me fizeram sentir saudade…
Saudade de lugares, de pessoas…de fases e frases!
Tentei projetar minha vida partindo da não partida.
Como teria sido,
Acontecido?
De pensamentos fiz fileira,
Um pouco tentei guardar na prateleira do esquecimento,
Porém lamento,
Um vício violento
De não tirar da cabeça o que está aqui no peito
Não me deixou atirar na lixeira
O que agora poderia ser só besteira,
Durante esses dois anos
Aqui vivi muitos momentos:
De adaptação e compreensão
De solidão e encontro,
De surpresa e previsão,
De alegria e privação
De dedicação e superação…
Satisfação!
De abandono e abraço
De perdas e vitórias,
De experiência e insanidade…
Interrogação e exclamação.
De dor, terror, coragem, medo…
Segredo!
Aqui sorri, chorei, me descabelei,
Senti vontade de voltar e de ficar pra sempre,
De correr e cessar,
De congelar e suar
De me esconder pra poder me achar,
De aprender pra poder errar.
Aqui busquei a mim mais do que nunca.
E de muito valeu essa busca!
Descobri que eu gosto mesmo é do arroz e feijão,
De andar até a padaria de manhazinha só pra comprar pão.
Descobri que preciso daquele cheiro de terra molhada
Do finzinho de tarde do verão brasileiro,
De ver aquele povo guerreiro,
Que mesmo com todas as desavenças
Sabem superar as diferenças.
Sorriem e cantam
E assim esquecem seus prantos.
Do Português sinto falta,
Até’ mesmo daquele meio sem pauta.
Ah, como gostaria de ouví-lo de novo
Na “gira du povu”
Sem prudência e pontuação,
Apenas vindo do coração.
Por tudo que passo e passei
Decidi que dessa dona chamada Saudade não me vingarei
Simplesmente porque ela me ensina a cada dia
Que posso sim encontrar a alegria.
A felicidade está junto com cada gota de saudade
Às vezes machuca,
Mas mesmo sendo ela o alvo maior desta disputa.
Me dá forças pra seguir nessa luta.
Sim! Se me perguntarem o que mais desejo matar
Responderei sem pestanejar,
Com o maior sorriso de felicidade:
Ah…É a minha saudade!
Érica Souza, a autora da poesia acima, é de Santos (SP) e tem 23 anos de idade. Vivendo na América há quase três anos, ela veio através de um intercâmbio, contrariando o desejo da família, e hoje trabalha como gerente de uma lavandeira em Plantation. Sobre o seu lado ‘escritora’, ela diz que prefere textos com vocabulário simples e cotidiano, já que “as palavras vêm do coração”, mas não acreditava em seu potencial. “No concurso do ano passado eu cheguei a escrever o conto, mas acabei não enviando ao AcheiUSA. Este ano, porém, fiz questão de participar, incentivada pelos amigos e família. Talvez esse passo seja o início de uma carreira como escritora”. Tomara Érica!!