Histórico

Médico que matou brasileria em MA deverá ser julgado por corte estadual

A promotoria pediu 10% de aumento no valor da fiança de Luiz Carlos Ribeiro, fixada desde o crime em US$ 250 mil, e uma correção de US$ 50 mil para US$ 75 mil na fiança de Ana Maria Ribeiro

Por Agência Estado

A promotoria pública do distrito de Middlesex apresentou na Corte de Framingham na manhã de hoje (25) novas acusações contra os três brasileiros acusados pela morte de Fabíola B. de Paula, 24, que sofreu uma embolia pulmonar durante a cirurgia de lipoaspiração a que estava sendo submetida numa clínica clandestina que funcionava num porão. O médico brasileiro Luiz Carlos Ribeiro, sua esposa Ana Maria Miranda Ribeiro, ambos 49 anos, e a dona do apartamento onde eram realizadas as cirurgias, Ana Célia Pena Sielemenn, 40, vão responder por homicídio culposo e devem enfrentar um júri popular.
A promotoria pediu 10% de aumento no valor da fiança de Luiz Carlos Ribeiro, fixada desde o crime em US$ 250 mil, e uma correção de US$ 50 mil para US$ 75 mil na de Ana Maria Ribeiro, alegando que, com o resultado do laudo apresentando o quadro de embolia pulmonar, ficou constatado também que houve negligência no socorro à vítima.
A advogada do médico, Jeanne E. Earley, contestou a acusação, alegando que seu cliente é professor de medicina no Brasil e conhece todos os procedimentos necessários para reanimar um paciente que entra em colapso durante uma cirurgia. Jeanne pediu ao juiz a redução da fiança e a realização de uma nova autopsia.
O juiz Roberto Grecco interrompeu o debate entre a promotoria e a defesa, dizendo que não se tratava de uma discussão de valores “e sim de uma vida”. Grecco não alterou os valores das fianças mas acatou um pedido da promotoria para a convocação de 24 cidadãos para formar um Júri Supremo antes da nova audiência marcada para o dia 27 de setembro.
O Júri Supremo não é realizado em tribunal aberto. As pessoas convocadas ouvem apenas as acusações da promotoria e determinam se o caso sai da área distrital e passa para a estadual, onde um júri popular passa a ser responsável pelo julgamento. A mudança é uma estratégia dos promotores para pedir a pena máxima permitida em Massachusetts (20 anos de reclusão), que só pode ser concedida na esfera estadual.
A advogada de Ana Maria Ribeiro, Lenore Glaser, que assumiu o caso a partir da audiência desta manhã, alegou que sua cliente é inocente e que viajou para os Estados Unidos apenas para visitar os netos. “Ela tinha um visto de turista para seis meses. Queria apenas ver os netos que moram aqui. Ela não participou da cirurgia que matou Fabíola”, disse a advogada ao juiz. Mas a promotoria tem provas testemunhais de que a esposa do médico participou da cirurgia. “Ela foi vista chegando com a vítima no hospital MetroWest Medical Center ao lado do marido”, disse o promotor Michael Fabbri.
A terceira pessoa envolvida no crime, Ana Célia Pena Sielemann, responderá a três processos: pela receptação de remédios, por hospedar uma clínica clandestina e por homicídio culposo. A fiança dela continua fixada em US$ 25 mil, mas, por ser ilegal no país, Ana Célia está sob a custódia da Imigração desde que houve uma tentativa de seus parentes de pagar a fiança. O advogado que faz a sua defesa pediu ao juiz para que ela volte a ficar sob a custódia do Estado.
O detetive da polícia de Framingham que acompanha o caso, Duarte Galvão, acredita que não haverá mais audiências na Corte Distrital de Middlesex. “Acredito que o Júri Supremo vá encaminhar o caso para o Estado e os réus serão julgados pelo povo. Mas isso só deve acontecer ano que vem. Não vejo tempo suficiente este ano”, disse ele.
Luiz Carlos Ribeiro está no presídio de Cambridge, Ana Maria está na penitenciária feminina de Framingham e Ana Célia está em Boston, na carceragem da Imigração.

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