Criado em 1880, o termo “pediatria” tem origem na junção de duas palavras gregas: paidos (criança) e iatreia (processo de cura). Assim, os pediatras, ou como diriam os gregos “aqueles que curam as crianças”, têm ao longo da história desempenhado seu papel de proporcionar o bem-estar das crianças de zero a 18 anos. Sim, o pediatra cuida de adolescentes até essa idade, quando passa a bola para outros especialistas.
No Sul da Flórida, o pediatra Renato Berger é velho conhecido de pais e mães, já que tem consultório na região desde 2005. Berger se formou na Universidade Federal do Rio de Janeiro, veio para os Estados Unidos para uma especialização e acabou ficando. Para ele, o melhor de tratar as crianças é que elas não mentem os sintomas, elas falam o que sentem. “Muitas vezes a criança não fala o que tem, não sabe direito o que está doendo, mas ela não mente sintomas. Ela não inventa”, diz o médico.
Pediatra há mais de 30 anos, Renato afirma que hoje já trata os filhos de seus pacientes. “Hoje as crianças que já foram tratadas por mim, trazem seus filhos para consultas. É muito gratificante”.
Muitas questões polêmicas permeiam a especialidade nos dias de hoje, como o movimento antivacinas – que está trazendo doenças esquecidas e praticamente erradicadas de volta –, a internet e o vício em celulares, Ipads, televisão desde muito jovem e “o hábito que o brasileiro que acabou de chegar tem de correr com o filho para a emergência”. O AcheiUSA bateu um papo com o pediatra, que tem consultório em Coconut Creek (FL).
AcheiUSA – Qual a sua opinião sobre o movimento crescente dois pais que não querem vacinar seus filhos?
Renato Berger – Sou pediatra há 30 anos e nunca vi uma criança morrer de reações à vacina ou por causa da vacina. O que eu vejo são crianças morrerem hoje de doenças que poderiam ter sido evitadas se as crianças tivessem sido vacinadas. Em meu consultório, eu recebo algumas mães que são contra vacina e eu tento convencê-las do contrário a todo custo. Algumas eu consigo, outras não, mas continuo falando na cabeça delas até mudarem de ideia.
AU – De onde surgiram esses movimentos antivacina?
RB – Surgiram de um estudo feito há vinte anos na Inglaterra que relacionava a vacinação ao autismo. Esse estudo foi refutado item por item por outros médicos, o médico considerado inapto para o exercício da profissão, mas o mal já estava feito. As pessoas hoje só escutam o que elas querem escutar, elas acreditam mais no que veem na internet do que no médico. Então, essa informação falsa que circula na internet é a que diz que vacinas causam autismo e não existe nenhuma evidência científica que relacione o surgimento do TEA (Transtorno do Espectro Autista) com o fato da criança ter sido vacinada. Pelo contrário, o autismo está relacionado a fatores genéticos e hoje o espectro autista aumentou, o que causa nas pessoas a sensação de que aumentaram os casos, mas o que aumentou foi o que hoje é considerado autismo. Por favor, vacinem suas crianças e proteja seus filhos contra diversas doenças.
AU – Os pais hoje têm a preocupação crescente com o excesso do uso de internet e eletrônicos pelos filhos. Qual o tempo ideal?
O tempo ideal de screen time, o tempo que seu filho passa olhando para a televisão, computador, Ipad, etc, deve ser de uma hora por dia. Sei que hoje em dia é difícil, mas é preciso tentar. Crianças com menos de um ano não devem utilizar eletrônicos. Criança tem que brincar, estimular a imaginação, correr, gastar energia e não ficar o dia todo olhando para uma tela. Isso é prejudicial ao desenvolvimento da criança.
AU – Para finalizar, qual o conselho você dá para os pais brasileiros?
Além de vacinar seus filhos, eu aproveito para lembrar que os pais devem levar seus filhos ao pediatra regularmente para exames e não somente em caso de doença. O pediatra faz parte do desenvolvimento infantil mesmo quando a criança não está doente.
E um conselho que vai principalmente para os brasileiros que acabaram de chegar: se seu filho se sentir mal, não leve a criança para a emergência e sim para o pediatra. A não ser em casos extremos, a emergência não é recomendada. O pediatra é o capitão do time, ele que conhece a criança, tem todos os prontuários e vai saber dar o melhor encaminhamento para o tratamento adequado do seu filho.
All Better Pediatrics
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