A pequena cidade italiana de Ospedaletto Lodigiano, na Lombardia, anunciou o cancelamento de mais de mil cidadanias de brasileiros descendentes de italianos que, segundo a prefeitura, não atendiam os requisitos para a concessão do documento. A cidade tem menos de dois mil habitantes e o número de fraudes chegou a mais da metade da população local.
Uma lista contendo 1.188 nomes foi divulgada no site da prefeitura. Segundo a agência Ansa, os processos cancelados foram abertos entre julho de 2015 e julho de 2017.
Ainda segundo a imprensa italiana, o esquema tinha participação de funcionários da prefeitura e de um casal de brasileiros, que faziam o repasse de propina para agentes públicos atestarem a residência de brasileiros que não atendiam o tempo mínimo de permanência necessário para obter a documentação. Há ainda casos de brasileiros que sequer foram à cidade e que, mesmo assim, obtiveram o atestado de residência.
Residir na Itália é um requisito fundamental para que um brasileiro possa reconhecer a cidadania no país. Normalmente, o processo feito na Itália é mais rápido do que se feito no Brasil, devido às longas filas de espera dos Consulados para o reconhecimento da cidadania.
A investigação começou no meio do ano passado, e o anúncio do cancelamento dos processos feito apenas neste mês. De acordo com o “Il Giornale”, o esquema possibilitou que, apenas em 2016, 500 brasileiros que nunca se mudaram para a área de Lodi, obtivessem o direito à cidadania.
Um brasileiro que participou do esquema disse à imprensa brasileira que não sabia que o que estava fazendo era ilegal e que pagou 3 mil euros pelo serviço. Dos 1.188 brasileiros que conseguiram o reconhecimento da cidadania em Ospedaletto Lodigiano, 889 transferiram a residência para o exterior. Outros 232 brasileiros que também obtiveram o passaporte italiano, continuam a constar na lista dos residentes da cidadezinha de poucos mais de 2054 habitantes, a cerca de 50 quilômetros de Milão, mas não vivem lá. Outros 57 são brasileiros que têm seus nomes inscritos entre os habitantes da cidade, mas que não tiveram a cidadania reconhecida. (Com informações do G1).