A revogação de vistos estudantis tem causado apreensão entre estudantes estrangeiros das principais universidades dos Estados Unidos, como Cambridge, Harvard e MIT. Há relatos de universitários que mudaram de endereço, apagaram seus conteúdos das redes sociais ou de seus celulares. Outros cancelaram viagens ao exterior para evitar problemas na imigração ao retornar ao país.
Nas últimas semanas, 12 alunos de Harvard tiveram seus vistos revogados pelo governo Donald Trump. Segundo apuração da CNN, ao menos 529 pessoas ligadas à vida acadêmica nos Estados Unidos tiveram vistos cancelados em 88 diferentes instituições de ensino. O número foi obtido por meio da análise de decisões judiciais, processos e comunicados de universidades.
Estudantes de Cambridge relatam que colegas tiveram os vistos cancelados por motivos aparentemente banais, como atraso na entrega de documentos ou ausência de informações em formulários oficiais da imigração.
Um dos casos mais emblemáticos é o de Kseniia Petrova, cidadã russa e pesquisadora da Escola de Medicina de Harvard. Ao retornar de uma viagem à Europa, ela não declarou embriões de rã que transportava na mala para fins de pesquisa. Em vez de receber uma multa — procedimento padrão — teve o visto revogado e foi detida.
O corpo acadêmico teme que esse tipo de justificativas sejam utilizadas como pretexto para expulsar do país pessoas que defendem pautas contrárias ao governo, como o apoio ao Estado Palestino, por exemplo.
Além da revogação de vistos, universidades norte-americanas enfrentam a ameaça de corte no financiamento público. Harvard pode deixar de receber cerca de $ 9 bilhões em verbas federais. Princeton e Brown recebem aproximadamente $ 1 bilhão cada, enquanto Columbia e a Universidade da Pensilvânia também estão na lista de instituições que podem perder recursos.
Nas últimas semanas, reitores de grandes universidades receberam cartas do governo federal exigindo mudanças nas políticas institucionais. Entre os pedidos estão o encerramento de programas educacionais acusados de antissemitismo e a proibição do uso de máscaras — medida que dificultaria a atuação de manifestantes em protestos. Em alguns casos, o documento sugere até mesmo alterações na estrutura de governança das universidades.
Com informações da CNN.