Imigração

Mães deportadas relatam que não puderam decidir o futuro de filhos cidadãos americanos

Segundo advogada, mulheres foram isoladas antes de voo e não conseguiram transferir a guarda das crianças nem avisar parentes.

Grupo de oficiais do ICE em formação durante um exercício de treinamento. Foto: U.S. Immigration and Customs Enforcement/ Public Domain

Duas mães deportadas para Honduras junto com suas filhas, nascidas nos Estados Unidos, relataram ter sido mantidas em isolamento antes do voo e impedidas de contato com familiares ou advogados. Segundo Gracie Willis, advogada do National Immigration Project, elas não puderam decidir se as crianças ficariam no país sob a guarda de outro parente ou responsável legal.

Uma das mães deportadas tem uma filha de quatro anos com câncer em estágio avançado e não conseguiu levar os remédios da menina. A outra, grávida, foi enviada para Honduras com suas filhas de dois e onze anos, enquanto o pai das crianças tentava contatar a família e impedir que as meninas fossem levadas. As duas famílias estavam seguindo as exigências do ICE e foram detidas durante check-ins de rotina em New Orleans. Ainda segundo a advogada Willis, elas teriam sido levadas para locais afastados, sem acesso a telefone. “Elas não puderam tomar nenhuma decisão real”, disse, destacando que um juiz federal já havia levantado suspeitas sobre a deportação de uma das crianças cidadãs sem o devido processo.

O governo afirma que as mães optaram por levar as filhas com elas, apontando cartas manuscritas como prova. Mas os advogados contestam: dizem que não houve consentimento real e que a intenção era deixar as crianças com cuidadores previamente escolhidos. “A mãe foi apenas informada: sua filha vai ser deportada com você. Ela não teve escolha”, afirmou Willis. Audiências sobre os casos estão marcadas para 18 de maio.

A cada ano, milhares de pais imigrantes em situações semelhantes, que possuem tanto uma ordem de deportação quanto filhos cidadãos americanos, precisam escolher entre deixar seus filhos nos Estados Unidos sob os cuidados de outro membro da família ou responsável, ou entregá-los aos Serviços de Proteção à Criança. “Nenhum pai gostaria de estar nessa situação”, disse Willis. “E não fazemos julgamento sobre qualquer decisão que um pai tome. Mas nestes dois casos, as mães não tiveram esta oportunidade”, arremata.

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