O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu no sábado (20) com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e outros líderes mundiais durante a Cúpula do G7 em Horishima, no Japão. Eles participaram de uma sessão de trabalho onde o petista afirmou, entre outras propostas, que quer liderar um grupo em defesa das principais florestas tropicais do mundo em conjunto com países da África e da Ásia.
No Japão, Lula fez reuniões bilaterais com o primeiro-ministro do país, Fumio Kishida; com o presidente da França, Emmanuel Macron; com o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz; e com o secretário-geral da ONU, António Guterres. O petista também tinha um encontro marcado com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que informou de última hora que não encontrou espaço na agenda para o presidente do Brasil. Em coletiva de imprensa, Zelensky respondeu a um repórter que perguntou se ele estava desapontado por não ter falado com Lula. “Acho que quem ficou desapontado foi ele”, respondeu o líder ucraniano.
Lula tem proposto a abertura de um comitê de acordo de paz com países que “ainda não tenham se envolvido na guerra”. Segundo ele, China, Índia, Indonésia e Brasil poderiam trabalhar como mediadores. Durante o evento, o mandatário brasileiro criticou o modo como algumas potências lidam com as crises geopolíticas e defendeu a reforma no Conselho de Segurança da ONU. “Sem reforma de seu Conselho de Segurança, com a inclusão de novos membros permanentes, a ONU não vai recuperar a eficácia, autoridade política e moral para lidar com os conflitos e dilemas do século XXI”, disse.
E completou: “O Conselho encontra-se mais paralisado do que nunca. Membros permanentes continuam a longa tradição de travar guerras não autorizadas pelo órgão, seja em busca de expansão territorial, seja em busca de mudança de regime”. O Conselho, cuja missão principal é “manter a paz e a segurança internacional”, tem cinco membros permanentes: China, França. Rússia, Reino Unido e EUA; e dez não permanentes, eleitos para mandatos de dois anos — o Brasil participa do órgão atualmente, mas apenas membros permanentes têm poder de veto em decisões.
No domingo (21), Lula fez um balanço de sua participação na Cúpula do G7 para a imprensa. Entre os principais pontos, o brasileiro destacou a importância do apoio internacional para “zerar o desmatamento” na Amazônia até 2030. Também voltou a falar sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, criticando a postura do presidente Joe Biden na mediação do conflito. “O discurso do Biden é de que tem que ir para cima do Putin até ele se render, pagar tudo o que estragou… Na minha opinião, esse discurso não ajuda. O que ajuda é um discurso de “gente, vamos sentar primeiro?“, afirmou.
Um dia antes, no Japão, o presidente dos EUA anunciou o aval para que países aliados cedam caças americanos F-16 à Ucrânia — algo que até então era restrito. O democrata liberou também o 38° pacote militar americano à Ucrânia, com mais $ 375 milhões.
A Cúpula do G7 reúne algumas das principais economias do mundo: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá. Apesar de ser um grupo restrito às sete nações, comumente líderes de outros países participam do principal evento anual do grupo — o Brasil não era convidado há 14 anos.